terça-feira, 9 de setembro de 2025

Beleza, qual a tua verdade?

 

Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. Mas os olhos, coitados, se iludem. Pensam que beleza está juventude: pele esticada, corpo firme, frescor no olhar. E quando  a juventude passa, o que sobra? A juventude é uma carta de apresentação com prazo de validade. Não é por ai.

Estaria a beleza na estética? Corte perfeito, corpo no padrão, rosto simétrico, roupa de grife. Tudo impecável até a primeira lágrima borrar a maquiagem e mostrar que tudo aquilo é apenas fachada.

E o charme? O jeito de falar, de andar, o olhar que prende, a risada que contagia. É um magnetismo encantador, inegável e quase inexplicável. Mas charme sem alma é como fogos de artifício: bonito por segundos, logo se apaga, deixando o cheiro de pólvora no ar.

A inteligência também concorre ao pódio da beleza. Chegam a ser cúmplices. Há quem diga que nada é mais bonito que uma mente afiada. Mas uma inteligência afiada e mal direcionada pode ser perigosa demais para ser chamada de bela.

Mas a beleza verdadeira não se mede,  não cabe nestas caixinhas. Ela é maior.  Vive no caráter, na vulnerabilidade, na autenticidade, na resiliência, na espiritualidade, num acordo entre conteúdo e forma. Mais ainda, a beleza existe também no imperfeito: na cicatriz que guarda histórias, nas rugas que registram risadas, na coragem de se revelar em vez de esconder.

William Shakespeare já se perguntava: “Ó beleza! Onde está tua verdade?” Talvez a pergunta mais apropriada não seja “o que é beleza?”, mas o que ainda parece belo quando as luzes apagam, quando a juventude já se foi, quando a maquiagem escorre, quando a pose desmorona, quando a fala silencia?

Talvez a resposta esteja justamente aí: beleza é tudo o que resiste ao espelho. E quando o espelho já não nos reconhece mais, é a beleza que insiste em nos encontrar.

Acredite, existem pessoas que não procuram beleza, mas sim coração. É nesse encontro que a beleza se revela.

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