Dizem que médicos não são bons administradores. Sabem tratar de pacientes e doenças, mas quando precisam negociar honorários, tabelas, vencimentos, pacotes hospitalares deixam muito a desejar. Existem exceções, mas em regra, médicos preocupam-se muito mais com a saúde dos pacientes do que com os custos para mantê-la. O risco deste comportamento é que a gestão da saúde, se não for muito bem controlada, pode ser deficitária. A profissionalização da administração, com o intuito de viabilizar o sistema, foi uma exigência quase que formal, porém esbarrou em um problema de sensibilidade.
Produtos podem ser gerenciados de maneira fria e matemática, pacientes não. Médicos não conseguem e não podem trabalhar sem envolvimento emocional, compaixão pelo sofrimento e obstinação pela cura. Imagine como seria se algumas manobras comerciais realizadas por empresários e absorvidas passivamente pelos consumidores, fossem utilizadas também a nível médico-paciente.
Precisei comprar um refrigerador novo. Fui a uma loja, escolhi o modelo e no momento de efetivar a compra, o vendedor ofereceu uma extensão da garantia do produto contra defeitos de fabricação. Por um pequeno valor a ser adicionado, ao invés de um ano de garantia, a loja me ofereceria mais 12 meses de tranqüilidade e segurança.