Depois de uma temporada peregrinando e refletindo
sobre a vida no Caminho de Santiago, volto em paz para casa. Largo a mochila e
as botas – companheiras inseparáveis de viagem, quase fazendo parte do meu
corpo – num canto da lavanderia e sinto um forte aperto no peito, como se
estivesse me desmembrando.
Foram dias memoráveis juntos, fizeram o caminho sobre minhas costas e sob meus
pés. São parte importante desta jornada. Impossível pensar na caminhada, sem
lembrar de quanto me auxiliaram, quanto foram importantes, quanto estivemos
colados. Deixá-las ali, naquele chão frio, não significava um alivio no peso
que carregava ou o final do caminho, mas o inicio do retorno ao cotidiano, a
agitação da cidade grande e a volta aos problemas mundanos.