domingo, 29 de maio de 2022

Me engana que eu gosto

 

Os homens não conseguiriam viver muito tempo em sociedade se não se deixassem enganar uns pelos outros. São mentiras consensuais, passadas de geração em geração como se fossem verdades. Por ignorância ou acomodação, acabamos acreditando e convivendo com elas. Uma destas ilusões sociais é achar que ao comprar um terreno e assinar contrato em cartório, aquela terra passa a ser sua. Não é bem assim.

Aquela terra é das árvores, das formigas, das plantas e de tudo mais que ali habita. O comprador passa a ser um administrador da propriedade. Os donos da terra não são os documentos assinados ou aqueles que a conquistaram mediante guerra ou invasão. As terras são do planeta e interagem com seus habitantes numa constante troca. É um toma lá, dá cá da natureza, não havendo proprietário ou inquilino da mãe terra.

domingo, 15 de maio de 2022

Vacina, alteridade e amor

Dois anos sendo obrigado a vestir máscara, impedido de viajar, freqüentar academia, encontrar amigos, abraçar, dançar, passear, assistir um show ao vivo, não poderiam passar desafogadamente. A perda da liberdade de ir e vir deixou seqüelas. De vez em quando tenho um espasmo verborrágico e escrevo um desabafo para me confortar.

Desculpem a ousadia, mas pretendo utilizar a vacina neste texto como ferramenta de metáfora para comentar o que é alteridade e como as pessoas podem se comportar, e estão se comportando, diante do encontro com algo ou alguém desconhecido, estranho e eventualmente ameaçador.

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Domínio

 

Por motivos técnicos este site ficou fora do ar por alguns dias.

Na verdade não foram motivos técnicos, foram convicções filosóficas. Vou contar o  que houve.

Durante muitos anos paguei uma taxa anual para ter o domínio do site “ildomeyer.com.br”. Como o valor era baixo, para não me incomodar, pagava sem entender direito do que se tratava.

Imaginava que era para que ninguém utilizasse meu nome em algum site ou blog na internet. Sei que algumas criaturas mal intencionadas se utilizam de perfis falsos ou se apropriam do nome de outras pessoas para aplicar golpes ou mesmo stalkear (perseguir pessoas cibernéticamente).

Como não sou famoso, político ou alguém com vida pública relevante, decidi não pagar, afinal, quem iria querer utilizar meu nome na internet?

Havia também uma implicação minha com a palavra domínio. Não quero ter domínio sobre nada nem ninguém, e não quero que me dominem. Coisas de filósofo.

Resultado: me dei mal, o site saiu do ar.

Descobri que a taxa anual não era apenas para possuir o direito sobre a marca “ildomeyer.com.br” na internet, pagava também para que mantivessem o site no ar com todas as informações e textos atualizados. Talvez não seja exatamente assim que funcionem os domínios, mas para meu entendimento leigo, a explicação já serviu. Paguei a taxa, aprendi a lição e o site voltou a funcionar.

De tudo isso ficaram algumas dúvidas. Quem tem o domínio do meu nome na internet, eu ou o provedor? Quem tem o domínio dos meus artigos na web, o provedor ou eu? Quem controla quem no ciberespaço? Quanto de sua vida está realmente sob seu domínio e quanto é apenas ilusão de que o comando é seu?