terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

PEGADAS OU PEGADINHAS

Boas noticias: a tendência natural é de melhoria constante da qualidade de vida. O universo conspira a favor. Você lembra do tamanho de seu primeiro telefone celular? Agora temos aparelhos bem menores e melhores. E os computadores, que funções e espaço ocupavam? Isto sem falar nos aparelhos de televisão, máquinas fotográficas, automóveis, internet...



A renda per cápita também melhorou, especialmente nos paises ocidentais, onde o crescimento é anual e ininterrupto nos últimos 50 anos. Isto significa que você, em tese, tem mais chances de ser rico que seu pai, e que seu filho terá oportunidades ainda maiores. Do ponto de vista tecnológico e do conhecimento adquirido, já não é sómente mais uma tese, é uma constatação.


Vamos pensar em termos de saúde? Hoje temos condições de viver mais e melhor. A mortalidade infantil diminuiu, controlamos algumas formas de câncer, adultos de 30 anos ainda tem avós vivos, sessentões estão correndo nos parques...


Trabalhamos menos horas também. A semana média de trabalho do americano no século passado era de 60 horas, hoje ficamos ao redor de 40 horas. Não existiam férias regulamentadas. Crianças eram colocadas muito cedo no mercado de trabalho. O tempo médio para realizar as tarefas de lavar, passar, varrer, cozinhar, limpar, costurar, ocupava quase doze horas da vida das mulheres. A tecnologia e as máquinas reduziram este tempo para três horas.


Temos yoga, pilates, livrarias, restaurantes naturais, psicólogos, vitaminas, concertos musicais, liberdade, democracia...


Sem sombra de dúvidas, temos condições de viver melhor que 100 anos atrás. Qualquer rei do século passado daria metade de seu reino em troca de água encanada, vacinas, condicionadores de ar, TV a cabo, analgésicos, freezers, implantes dentários, shampoos e condicionadores.


Ao mesmo tempo em que chegaram as máquinas, o conhecimento e as melhores condições de saúde, na carona vieram também sedentarismo, obesidade, agrotóxicos, poluição, transgênicos, anabolisantes, botox, lipoaspiração, bronzeamento artificial. Surgiram também vírus de computador, pessoas viciadas em trabalho, doenças como o estresse, medicamentos como Prozac, Viagra...


A evolução segue seu curso, e cada ser humano escolhe o seu caminho. Não existe caminho certo ou errado. Andando é que se faz o caminho. Alguns não tem opção e se deixam levar pela fascinação da modernidade e pelo caminho mais fácil e curto, seja assistindo diariamente programas de televisão descompromissados com a cultura, seja recorrendo ao fumo, álcool e drogas, seja esperando que a vida melhore algum dia. Outros, sem educação ou preocupação com a saúde, recorrem aos conselhos de amigos e propagandas de revistas para satisfazer suas demandas imediatas. Outros ainda, já perderam todas as esperanças.


Por outro lado, existem os afortunados com grande opção de escolha. Alguns optam pelos prazeres imediatos, levam em consideração a máxima de que a duração da vida não é sinônimo de felicidade, e jogam todas as cartas no aqui e agora, sem pensar no futuro. Outros são disciplinados e investem cuidados e recursos pensando numa vida com qualidade mais adiante.


Quem somos nós para julgar a opção ou falta de opção de vida dos outros? Temos este direito?


A maneira de viver, de encarar a saúde, de lidar com os princípios básicos de paz e humanidade vai deixando pegadas por onde cada caminhante passa. Ninguém vive isolado e não se sai desta vida sem arranhar e ser arranhado. Um simples sorriso, pode atingir e trazer alegria não só aos que nos cercam como também à pessoas totalmente estranhas. Os benefícios e custos das escolhas individuais são bem mais amplos do que se pensa. O fato de se viver desta ou daquela maneira não é simplesmente uma questão de escolha individual. Existem pessoas, conhecidas ou não, que podem ter investido amor, carinho, amizade, lealdade, atenção e que serão afetados pelo seu modo de caminhar. Suas marcas no caminho serão pegadas ou "pegadinhas"?
Em termos de qualidade de vida, quando se olha para trás, o caminho percorrido não pode mais ser refeito. Pode-se olhar para a frente e mudar o rumo e a velocidade da caminhada. A tendência é de melhora, a escolha é sua.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Premiação do "Oscar" - Cinema ou Vida?

Qualidade de Vida” é uma expressão que está na boca do povo. Mídia, vizinhos, amigos e até nós mesmos nos preocupamos em entender e até melhorar esta tão falada e quem sabe, fundamental, qualidade de vida. Mas o que vem a ser esta coisa chamada "qualidade de vida"? Para alguns ou quem sabe para a grande maioria, é ter saúde para poder se aproveitar bem a vida. Baseados neste conceito, poderíamos então pressupor que crianças saudáveis devam ter uma ótima qualidade de vida. Com o mesmo raciocínio, concluiríamos também que diabéticos, hipertensos, enfartados não poderiam ter uma boa qualidade de vida. Não é bem assim, qualidade de vida tem a ver com saúde, mas precisamos definir melhor esta palavra.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o estado de total bem estar físico, mental e social é o que caracteriza saúde, e não a ausência de doença ou enfermidade. Assim, crianças que aparentemente não apresentem sintomas de doenças, podem estar abaladas mental e socialmente e não desfrutarem de uma boa qualidade de vida. No sentido oposto, doentes crônicos podem sentir-se plenamente saudáveis tanto física como mental e socialmente, e aproveitarem a vida com bastante qualidade. Além disto, o não surgimento de sintomas e o aparente bem estar físico não garante saúde nem muito menos qualidade de vida.

Doenças como úlcera, gastrite, câncer, hipertensão, podem ser originadas por transtornos psicológicos mal resolvidos, estresse crônico, baixa auto-estima, e ficarem incubadas por vários anos antes de manifestarem seus sintomas. Dietas mal controladas, vida sedentária, fumo, álcool em excesso, também podem causar e manter incubadas várias doenças.

Assim sendo, ver alguém na beira da praia jogando futebol, dançando numa festa, passeando num parque, esquiando na neve, necessariamente não é um indicativo fiel de boa qualidade de vida. Bombas relógios podem estar implantadas e incubadas no sistema de saúde aguardando somente um déficit imunológico para que se manifestem.

Um atleta com corpo escultural, que freqüente duas horas diárias de academia, alimente-se somente de vegetais, frutas, proteínas e vitaminas, tenha uma vida regrada, sem vícios, durma oito horas por dia, não coma açucares nem frituras, mas que encare tudo isto como trabalho, sacrifício e prevenção de doenças, invejando de certa forma o prazer dos comilões, festeiros, poetas e amantes, provavelmente não está com sua qualidade de vida bem resolvida.

Ter uma boa qualidade de vida em determinada época, também não é garantia de qualidade eterna. Pode-se ver e registrar uma determinada cena, como um flash de uma máquina fotográfica e pressupor que aquilo represente qualidade de vida. E pode até ser verdade, mas para aquele momento. Existe muita coisa que uma simples foto não consegue captar. A vida não é uma fotografia, mas um filme de longa metragem, e as cenas vão se sucedendo e se encaixando. O que acontece no inicio do filme, pode se refletir no final. Não adianta simplesmente ter momentos de ótima qualidade de vida, é preciso construir uma vida com qualidade. Cuidados com a saúde são importantes para que se chegue bem até o final do filme, mas isto não é tudo. Qualidade de vida não se resume somente a saúde.

De que adianta ter saúde e não saber o que fazer com ela? De que adianta ter dinheiro para fazer um filme e não ter um roteiro? Fotos avulsas de finais de semana, festas e viagens maravilhosas não fazem um filme e nem constroem roteiros de uma vida que valha a pena. Dinheiro, sucesso, viagens, fama, saúde, são cenários para o filme que se deseja realizar.
Responsabilidade, compartilhamento, amor, amizade, honestidade, justiça, podem ser roteiros interessantes para se construir uma vida com qualidade. Ética pode ser o nome do filme. A premiação? Tão difícil de alcançar quanto ganhar um “Oscar” no cinema: Qualidade de Vida. Alcançada somente por privilegiados. A maioria acaba queimando o filme.
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