domingo, 11 de novembro de 2018

Deixa-me calar-te com um beijo


A palavra mais utilizada da língua portuguesa deve ser o "porque".

O ser humano precisa de uma explicação lógica para quase tudo, e o “porque” é a ferramenta predileta para esclarecimentos, seja perguntando ou respondendo.  Se a resposta iniciar com um belo “porque”, metade do trabalho já está pronto, nem precisa esclarecer direito.  Existindo um “porque”, por mais absurdo e sem sentido que seja, a coerência parece refeita. O “porque”, por si só,  tem o poder intrínseco de acalmar o interlocutor.
Por que o voo está atrasado? Porque o avião precisou fazer uma revisão nas turbinas. A atendente do balcão responde e o passageiro se satisfaz com a explicação, que justifica o atraso, mas não resolve o problema.  Segundo Nietzsche, precisa existir um “porque” e então a gente aguenta qualquer “como”.
 O problema é que quase nunca existe um único “porquê” ou um “porquê” definitivo para determinada situação. Geralmente respondemos com o “porque” mais instantâneo  ou desenvolvemos  uma explicação conforme a vontade do freguês.