—
Quer casar comigo?
—
Depende.
—
Depende do que?
—
Do que você chama de casamento e, principalmente, por que você quer casar.
A
gente já se ama, dorme junto, conhece o riso e o silêncio um do outro como
ninguém. Então, o que mais essa palavra “casamento” colocaria na mesa?
Uma
aliança no dedo pra mostrar pro mundo? Vestido branco com véu arrastando no
chão? Assinatura no cartório com caneta azul? Benção de um padre, rabino ou
quem quer que seja? Festa com bolo de três andares e convidados que a gente mal
conhece? Discursos e performances ensaiados? Foto oficial com sorrisos
congelados?
Nada disso me faria suspirar e dizer sim.
Casar,
pra mim, nunca foi sobre palco. Sempre foi sobre bastidor. A gente
já tem o que muita gente passa a vida inteira procurando: cuidado, respeito,
parceria. Isso sim é muito raro. Então por que engessar o que já é tão vivo e
pulsante?
Eu
não quero molduras. Quero movimento.
Não
quero festa de um dia. Quero a aventura de todos os dias.
Não
quero uma promessa gravada em papel. Quero um pacto tatuado em gesto e escolha.
Não
quero só dividir despesas, quero construir algo maior que a soma de nós dois.
Então,
se a tua pergunta é sobre papéis, rituais e protocolos, minha resposta sincera
é não.
Mas se o que você me pede é um
mergulho de olhos abertos, sem rede de segurança, sem mapa e sem manual, então
a resposta é sim.
Um sim que não cabe em
altar, nem em foto, nem em bolo.
Um sim que é risco, vertigem e vôo.
Um sim que é todos os dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário