Fui convidado para apadrinhar um
casamento. O noivo era um amigaço. Desde a adolescência fomos parceiros nas
boas e nas ruins. Conheci todas as namoradas anteriores. Dei palpites,
conselhos, apresentei, consolei, apoiei, menti que estávamos juntos para limpar
a barra, ajudei a terminar, emprestei o carro, fiz sala para a amiga chata,
telefonei na hora marcada pra livrar da encrenca. Enfim, torcíamos um pelo
outro, jogávamos no mesmo time, acreditávamos, confiávamos e nos defendíamos mutuamente.
Claro que eu tinha de ser homenageado como padrinho deste casamento.
Claro mesmo? Nem tanto. Minha
intimidade era com o noivo. A noiva conhecia superficialmente, de encontros e
conversas sociais. Era a mulher que meu amigo havia escolhido para casar,
simpática, bonita, inteligente, bom papo e estavam apaixonados. Tinha certeza
que representava o papel de melhor amigo, no entanto, não sabia qual seria
minha função como padrinho do casamento.
Acontece que não tive tempo de
fazer estas elucubrações filosóficas, fui pego de surpresa com o convite, que
veio da seguinte forma: “Cara, eu sempre disse que um dia teria sorte, encontraria
e casaria com a mulher da minha vida. Quero que você esteja comigo, ao meu
lado, como padrinho, na hora de dizer o sim. Preciso de ti”.