Desde que me lembro por
gente, tentei fazer as coisas para agradar aos outros, queria que todos
gostassem de mim. Cumpria aquilo que a cultura pregava como certo. Naquela
época, a maneira digna e decente de se viver incluia obediência, perfeição,
honestidade, estudo, trabalho, sucesso. Precisava provar para a família e a sociedade
o meu valor, então segui todas as regras ao pé da letra.
Nunca perdi o ano na escola, obedeci e respeitei meus pais e professores, fiz faculdade de Medicina, arranjei um emprego, casei no cartório e sinagoga, tive um filho. Sabe aquela propaganda de margarina com a família perfeita? Era mais ou menos assim, só faltou o cachorro correndo pelo jardim.