Durante muito tempo pratiquei uma
estratégia “infalível” ensinada por um amigo para selecionar certo tipo de
mulheres. Não me orgulho nem um pouquinho de ter feito isto, pois é uma técnica
altamente preconceituosa. Enfim, todos têm sua parcela de defeitos e
preconceitos por questionar.
Funcionava assim: quando me
interessava por alguma mulher, perguntava se ela gostaria de tomar um café ou
bebida comigo. Na hora de pagar a conta, observava se faria algum sinal de
dividir as despesas ou não. Nunca as deixava pagar, mas ficava atento. A
estratégia era justamente saber se a mulher achava que o homem, pelo simples
fato de ser homem, deveria seguir as regras de etiqueta e pagar as despesas da
mulher, somente por ela ter nascido mulher.
Naquela época o movimento
feminista ainda engatinhava, e a estratégia era simplesmente descobrir com que
tipo de mulher estava lidando. Tinha o cuidado de nunca convidar formalmente
para o encontro, justamente para descaracterizar o argumento de quem convida paga
a conta. O convite era realizado mais ou
menos assim: “topas um café?”, “que tal uma cerveja um dia destes?”.
Certa noite, numa destas
investidas, quando chamei o garçom para pedir a conta, já estava paga. Minha
companheira de mesa havia acertado tudo enquanto fui ao toalete. Percebendo meu
espanto com seu comportamento, ela se adiantou e, sem que eu perguntasse, foi
explicando. “Não existe almoço de graça, se alguém lhe paga por algo, vai
querer o retorno. Quando a mulher aceita que o homem lhe pague o jantar,
subliminarmente está passando a mensagem que talvez um dia vá lhe dar algo em
troca”.