sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Quem pagou a conta?



Durante muito tempo pratiquei uma estratégia “infalível” ensinada por um amigo para selecionar certo tipo de mulheres. Não me orgulho nem um pouquinho de ter feito isto, pois é uma técnica altamente preconceituosa. Enfim, todos têm sua parcela de defeitos e preconceitos por questionar.

Funcionava assim: quando me interessava por alguma mulher, perguntava se ela gostaria de tomar um café ou bebida comigo. Na hora de pagar a conta, observava se faria algum sinal de dividir as despesas ou não. Nunca as deixava pagar, mas ficava atento. A estratégia era justamente saber se a mulher achava que o homem, pelo simples fato de ser homem, deveria seguir as regras de etiqueta e pagar as despesas da mulher, somente por ela ter nascido mulher.

Naquela época o movimento feminista ainda engatinhava, e a estratégia era simplesmente descobrir com que tipo de mulher estava lidando. Tinha o cuidado de nunca convidar formalmente para o encontro, justamente para descaracterizar o argumento de quem convida paga a conta.  O convite era realizado mais ou menos assim: “topas um café?”, “que tal uma cerveja um dia destes?”.

Certa noite, numa destas investidas, quando chamei o garçom para pedir a conta, já estava paga. Minha companheira de mesa havia acertado tudo enquanto fui ao toalete. Percebendo meu espanto com seu comportamento, ela se adiantou e, sem que eu perguntasse, foi explicando. “Não existe almoço de graça, se alguém lhe paga por algo, vai querer o retorno. Quando a mulher aceita que o homem lhe pague o jantar, subliminarmente está passando a mensagem que talvez um dia vá lhe dar algo em troca”.