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segunda-feira, 1 de março de 2021

Sua casa é um lar?

 

 

Imagine um lugar onde não exista o perigo de contaminação com o coronavirus. Todos podem se tocar, abraçar, beijar, sem medo de adoecer. Seria bom, não é? Seria ótimo. Melhor ainda se todas as pessoas fossem saudáveis, nada de doenças. Este deve ser o sonho de consumo atual de toda humanidade.

Pois é, ficaria melhor ainda se, além disso, as pessoas não precisassem se envolver com política, governo, mandos, desmandos, arbitrariedades, fake news, impostos. Talvez não se envolver não seja a expressão mais adequada, as pessoas não precisariam tomar conhecimento daquilo que acontece fora de suas casas, simplesmente alienar-se-iam dos atos governamentais e tocariam suas vidas.

Já que sonhar não custa, imaginemos também comida, bebida, música, diversão, piscina, academia de ginástica, festas. Tudo do bom e do melhor. Em tese, estes seriam os ingredientes para uma vida feliz. O que mais poderia estar faltando? Telefone celular e internet podem facilitar ou atrapalhar, aproximar ou afastar, então, por via das dúvidas, seriam retirados de circulação. Nesses casos, menos pode ser mais.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

O que é que há?


Estamos casados há três anos. Sou design de interiores e meu marido trabalha com organização de grandes eventos (shows em ginásios e estádios). Não temos filhos. Nossa rotina, até bem pouco tempo,  era acordar cedo, enquanto um tomava banho o outro preparava a mesa do café,  saboreávamos juntos e em seguida, cada um partia para seu trabalho. Encontrávamos-nos à noite e sempre inventávamos algo diferente pra fazer. Nossa vida era maravilhosa, praticamente ainda estávamos em lua de mel, mas, como nada dura para sempre, surgiu esta pandemia do coronavirus e estragou tudo, nossa vida virou de ponta cabeça.

Eventos com aglomeração de pessoas foram cancelados por tempo indeterminado e sem previsão de retorno das atividades. Com isto, cessaram todas as rendas de meu marido e os afazeres profissionais também. Vivia em reuniões, ensaios, apresentações, viagens, o telefone não parava de tocar; agora, os negócios estão parados e ele paralisado. Com medo de se contaminar pelo vírus, fica trancado em nosso apartamento esperando por dias melhores.

Eu também. Meu trabalho como design já estava andando devagar, agora estacionou de vez. Quem vai pensar em investir na decoração da casa ou do escritório numa hora destas? Não tenho emprego, trabalho como profissional liberal e meus ganhos e compromissos também zeraram. Possuímos algumas economias guardadas que podem nos sustentar por um bom tempo, mas este não é o problema maior.

quarta-feira, 25 de março de 2020

O deserto e o dilúvio


Sonhava ficar em casa de pernas pro ar durante três meses enquanto é jovem e sadio? Pode comemorar. Seu pedido foi atendido. Você está livre do trabalho, da escola, da universidade. Agora tem tempo de sobra pra fazer o que quiser. Não está doente, tampouco aposentado e se tiver sorte ou for precavido, seus rendimentos ainda estão garantidos.

Só que não. Você está doente, mas não sabe. Os sintomas estão saltando aos olhos e você não vê ou se nega a enxergar. Pensa que está saudável e assintomático, mas está enganado. Não estou falando do coronavirus, desta praga vamos nos salvar. A sua doença é mais grave, assumiu uma forma crônica e a única maneira de se curar talvez seja o confinamento obrigatório.