sábado, 22 de março de 2008

Nem sempre quem ganha o prêmio é o verdadeiro vencedor

Ao se aproximar o final do programa Big Brother, talvez alguns comentários sejam pertinentes. Por que as pessoas dão audiências fantásticas e ainda por cima fazem e pagam ligações para votar em quem querem eliminar do jogo? Vinte e cinco a trinta milhões de pessoas é a média semanal de ligações recebidas.



Estes reality shows da televisão, enclausuram pessoas em uma casa e deixam que o tempo se encarregue de leva-las a incômodos, constrangimentos, discussões, intrigas, divisões, agressões. Se isto demorar muito a acontecer, a direção do programa se encarrega sutilmente de organizar jogos, festas, competições que possam trazer emoção e audiência. É claro que também acontecem cenas de solidariedade, amizade, carinho, paixão, sedução, lealdade, que também são ingredientes para que não se troque de canal.


Cada semana se elimina um concorrente, e o vencedor do programa será o último que sobreviver . Aquele que a maioria da população decidir que deve levar o prêmio. Será que os tele-espectadores acompanham diariamente e votam porque acabam se identificando com algum concorrente ou com as situações que se apresentam? Ficam indignados e resolvem fazer a sua parte ligando para eliminar alguém do jogo? Qual seria o critério do voto? Bondade, esperteza, lealdade, beleza, pena, justiça?


Se os efeitos deste programa forem semelhantes aos do futebol, carnaval e circo, ou seja, dar alegria ao povo, aliviar as tensões e desviar a atenção dos assuntos realmente importantes, então a situação está ficando cada vez mais delicada, e a tendência em termos políticos e culturais é a pior possível.


Mas resta uma esperança. Se o povo conseguir ter a visão de que para ser vencedor não é necessário ser melhor que ninguém , e que não é necessário que outros saiam perdendo nem sejam aniquilados para alguém se sentir vitorioso, já estamos num bom caminho.


Se a função do líder da semana ao invés de indicar alguém para ser eliminado fosse a preocupação com o bem estar de todos sob sua responsabilidade, procurando soluções para as dificuldades provocadas pelas regras do programa, teríamos uma avaliação melhor de cada participante, pois são as atitudes e não o título que vão distinguir os verdadeiros lideres dos meros pretendentes. Liderança não significa privilégio e poder, e esta é uma das falhas conceituais do programa ao oferecer estas regalias em provas de resistência ou simplesmente em lances de sorte ou azar.


O sucesso ou a verdadeira liderança de uma pessoa é fazer ou dar algo para quem jamais terá condições de retribuir este favor. Se os participantes do programa, ou heróis como são chamados pelo apresentador, conseguissem mostrar que entraram no programa para fazer a diferença e mostrassem ao povo que é jogando limpo, sendo honesto, abaixando-se para levantar o que está caído , dando sem esperar retribuição, respeitando, perdoando, colocando-se no lugar do outro, estariam fazendo jus talvez não ao titulo de heróis, mas de modelos de comportamento e ética e talvez o premio não precisasse ser em dinheiro, pois vitórias não tem nada a ver com dinheiro, e nem sempre quem ganha o prêmio é o verdadeiro vencedor.
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quarta-feira, 12 de março de 2008

Eles simplesmente desistem

Nossos antepassados precisavam se movimentar para conseguir comida. Os homens caçavam e coletavam frutos, folhas, raízes e cogumelos. Nem sempre se conseguia sucesso na caça, mas quando esta ocorria, garantia alimento por alguns dias. A coleta, por sua vez, precisava ser diária. Isto exigia, em média, caminhadas de oito kilometros diários.

Além disto, comiam folhas, frutos e muito pouca gordura, pois os animais caçados eram magros. Não existia o açúcar. Consequência deste estilo de vida? Homens magros.



Mais tarde, o homem descobriu que poderia conseguir alimento sem se movimentar. Plantava e esperava para colher. Descobriu também o fogo, que passou a ser utilizado na preparação dos alimentos, amolecendo-os e facilitando a ingestão e digestão de fibras e carne. Abandonou a vida nômade e passou a se fixar no local da plantação, diminuindo consideravelmente as caminhadas do passado.


Aproveitou o tempo que utilizava caçando e coletando para ter idéias, e inventou a roda, o automóvel, o trator, o adubo, o telefone, o computador, a internet. A facilidade em se conseguir alimento se reduziu hoje a um telefonema ou um click no computador. A refeição que você sonhar estará em sua mesa, sem esforço algum, trinta minutos após a realização do pedido. A disponibilidade é muito grande.


Os homens passaram a viver em espaços cada vez menores. Trancados em apartamentos, mas com telefones, computadores, internet, orkut, MSN, que lhes possibilitam estar conectados com o mundo. Não é necessário mais levantar da cama para buscar o jornal na banca de revistas, ou ir até a caixa do correio ver a correspondência, ou visitar amigos para conversar, ou mesmo ir ao mercado fazer compras.


Qual a tendência com esta mudança no estilo de vida? Engordar. A obesidade está aumentando em todas as faixas etárias, todas as raças e em ambos os sexos. Já é considerada um problema de saúde pública.


Por que somos mais gordos que nossos antepassados? Será esta uma escolha nossa ou uma tendência da vida moderna? O fato de não precisarmos nos movimentar para conseguir alimentos e comunicação seria o responsável pelo aumento da obesidade mundial? Temos muito mais conhecimento e recursos que nossos antepassados para evitar a obesidade. Podemos comprar alimentos de melhor qualidade, freqüentar academias de ginástica, spas, e até mesmo ter academias dentro da própria casa. Por que continuamos engordando, apesar de comermos cada vez mais folhas e alimentos dietéticos?


Provavelmente não é por fome física que engordamos, mas por fome emocional. A maioria das pessoas come mais do que o necessário, e quase nunca se satisfaz. Comem e bebem como glutões, mas não desfrutam de nada. Gordos tem prazer em comer, e compensam suas angústias através da gula. Provavelmente a comida não é o problema, mas o sintoma.


E a ciência continua evoluindo e contribuindo para o aumento da obesidade. Desde que surgiram medicamentos para reduzir o colesterol, teóricamente a obesidade deixou de ser uma ameaça tão grande à saúde. Para que ser magro? É comum ouvir a explicação de um obeso satisfeito e feliz por se alimentar sem restrições e ter controlados os níveis de colesterol e triglicerídeos através de medicamentos. Este discurso é falho porque a obesidade termina por atingir vários órgãos possibilitando uma maior chance de desenvolver doenças como diabete, cálculo biliar, hipertensão, artrose e câncer.


Evidências sugerem também que adoçantes utilizados na dieta em substituição ao açúcar, podem levar a um aumento na ingestão alimentar, pois é o açúcar ingerido o responsável pela sensação de saciedade do organismo. Pode então se desencadear uma verdadeira compulsão por ingestão de doces dietéticos, com a ilusão de serem inócuos para a saúde.
Se nos acomodarmos, e não descobrirmos a origem da nossa fome, o resultado final já é conhecido: obesidade. As ofertas e facilidades empurram para este lado. Para cada kilo ganho, se perde algo. A saúde de uma pessoa depende em média 30% de herança genética, 20% das condições sócio-econômicas e os restantes 50% da maneira como se conduz a vida. Assim sendo, 50% do peso pode ser fruto de circunstâncias que escapam de nosso controle e a atitude tomada pode fazer diferença, mas nos outros 50% do peso que teoricamente são passíveis de controle, a tomada de atitude certamente irá fazer a diferença;. Noventa por cento das pessoas que fracassam na tentativa de controle da obesidade, não são de fato derrotados. Eles simplesmente desistem.
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