sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Quase certezas

 

Desde que me lembro por gente, tentei fazer as coisas para agradar aos outros, queria que todos gostassem de mim. Cumpria aquilo que a cultura pregava como certo. Naquela época, a maneira digna e decente de se viver incluia obediência, perfeição, honestidade, estudo, trabalho, sucesso. Precisava provar para a família e a sociedade o meu valor, então segui todas as regras ao pé da letra.

Nunca perdi o ano na escola, obedeci e respeitei meus pais e professores, fiz faculdade de Medicina, arranjei um emprego, casei no cartório e sinagoga, tive um filho. Sabe aquela propaganda de margarina com a família perfeita? Era mais ou menos assim, só faltou o cachorro correndo pelo jardim.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Desejo

 

Seres humanos vivem para amar – pelo menos na teoria.

Matam por amor – é um fato.

Morrem por amor – também é um fato. Física e espiritualmente.

Afinal, o que é o amor?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Fracasso é um evento, não uma pessoa

 

Como você reage quando está sob pressão? Final de campeonato, estádio lotado, você é escalado para chutar o pênalti decisivo. Defesa de tese de mestrado, banca composta por sumidades no assunto, família e amigos presentes no auditório, seu computador repentinamente apaga a apresentação preparada durante meses.

Alguns se esforçam acima do normal, produzem mais, dão o melhor de si, superam o desafio e obtém sucesso. Mas não é assim com todo mundo, algumas pessoas geniais, talentosas e super capazes fracassam justamente quando estão sob pressão. Por que isso acontece?

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay

Ontem era feriado, cidade semi deserta, ruas vazias.  Acordei cedo,  dia lindo, céu azul, temperatura amena, fui passear de bicicleta. Rodava tranquilo pela ciclovia quando inesperadamente, descendo de um barranco, avisto uma mendiga que me olhava firmemente.

Não pude deixar de perceber, éramos só nos dois naquele encontro de olhares. Não foi um simples cruzamento de olhares, aquilo foi um encontro mesmo. Seus trajes, desalinho, desasseio eram clássicos de uma bruxa tradicional, com uma exceção, não estava montada em uma vassoura, caminhava em minha direção e portava na mão uma vareta de madeira.

À medida que a bicicleta se aproximava, seus olhos me acompanhavam com um sorriso misterioso e encantador. Quando ficamos frente a frente, ela levantou sua “varinha de condão” e gritou muito alto uma expressão que a principio não entendi e me assustou: “Pah”! Naquele momento pensei tratar-se de alguma maluca brincando de fada, porém, na sequência ela emendou “Você vai ficar vinte anos mais jovem”.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Se for inesquecível, será eterno


- Você me enxerga só como amiga ou me vê também como mulher?

A pergunta lhe pegou de surpresa. Eram amigos há bastante tempo, aliás, muito tempo e muito amigos mesmo, daqueles que contam tudo ou quase tudo, mas jamais passaram disso. Acho que nunca pensara em ultrapassar este limite.

Atordoado com a situação, respondeu de chofre que obviamente a via como mulher além de amiga. Ela, percebendo que ele fisgara a isca, aplicou o golpe final:

- Você não sente desejo por mim? Nunca sentiu?

Agora, além de atordoado, ele estava perplexo e desorientado. Nunca imaginara este duelo sentimental, estava desconfortável, parecia um menino tímido de quinze anos, apesar de seus trinta e poucos. Talvez para não magoá-la, talvez por não saber o que responder, disse que algumas vezes sentiu vontade de beijá-la.

Ela avançou mais uma vez o sinal:

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Ela partiu, ele ficou

 

Ela era poesia, ele caneta

Ela era música, ele cantor

Ela era areia, ele caminhão

Ela era calor, ele cobertor

Ela era gol, ele chute

Ela era trilha, ele mapa

Ela era espumante, ele taça

Ela era praia, ele filtro solar

Ela era perfume, ele flor

Ela era luz, ele tomada

Ela era cama, ele colchão

Ela era mulher, ele pronome

Ela era cereja, ele bolo

Ela era amor, ele escritor

Ela murchou, ele não regou

Ela chorou, ele ignorou

Ela partiu, ele ficou

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Pedido de casamento

 

- Quer casar comigo?

- Calma lá seu apressadinho, nem nos conhecemos ainda, sequer fomos apresentados. Quer casar comigo assim no escuro?

- E isso importa? Não dizem que o amor é uma construção? Estou te convidando para começar a construir um amor comigo. Devagar e com toda a calma.  Não estou falando em paixão, em afobação pra te levar para a cama, estou propondo regarmos esta plantinha juntos e construirmos um amor.

- Meu caro pretendente, entendo que o amor seja algo intangível, mas mesmo assim, é preciso haver um mínimo de sustentação para essa construção. É preciso um terreno fértil para se construir com solidez.

- E o que seria este terreno?

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Um minuto no futuro ou uma hora no passado?

 

Um minuto no futuro ou uma hora no passado?

Se lhe fosse oferecida uma destas experiências, qual seria sua escolha? Nunca pensou nisso? Difícil escolher? Vamos facilitar as coisas.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Tempo de espera

 

Certa vez, dez anos atrás, fui contratado por uma editora para escrever um livro sobre salas de espera de consultórios de saúde. Sendo médico, filósofo e escritor, acreditaram que eu teria plenas condições de realizar esta missão.

Trabalhei com afinco e prazer por vários meses. Iniciei falando que nem tudo na vida pode acontecer exatamente no momento desejado. Algumas situações exigem esperar. Esperar o nascimento de um filho, a diplomação na faculdade, a cura de uma doença, o pagamento no final do mês, o sinal de transito abrir, a tempestade acalmar, a pandemia acabar, a raiva passar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Impossível? Talvez...

 Talvez. O que significa a palavra “talvez”? Nada. Talvez é uma palavra intermediária entre o sim e o não. Quando alguém não sabe o que dizer ou não quer se comprometer com algo, solta um talvez no inicio da frase e automaticamente se livra da obrigação.

Talvez eu possa ir no jantar amanhã. Qual o conteúdo dessa frase? Nenhum, pode ser que consiga ir no jantar ou pode ser que não compareça. Esperar até amanhã é muito tempo quando se tem um talvez por trás. Talvez é uma palavra vazia, ilusória, parece que está dizendo algo mas na verdade não diz nada, semeia a dúvida e a insegurança.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

CHEIRO


Não sinto mais teu cheiro. Na verdade, não sinto mais teus cheiros. Eram muitos. Na cama tinhas um cheiro que me deixava entorpecido, começávamos a nos abraçar e o cheiro que emanavas instantaneamente me atraia direto para tua boca. Não conseguia mais me desgrudar. Era uma mistura de suor, feromônio, excitação, desejo, malicia, sedução. Não consigo descrever com palavras, mas era algo surreal, envolvente demais. O cheiro ficava impregnado nos lençóis e dali se espalhava no ar por todo o quarto.

Dormir naquela conjunção de aromas era o paraíso, mas isso não era tudo, a festa ainda não havia acabado. De manhã cedo saias da cama de mansinho e entravas no banho. Não sei por que, mas deixavas a porta entreaberta e por ali começava a entrar outro cheiro, exatamente o antagonista daquele da cama. Também não consigo explicar direito, mas era uma combinação de pureza, frescor, inocência, juventude, perfeição, completude, felicidade. Os dois cheiros se completavam e fechavam um ciclo.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

A grama do vizinho

 

Olho distraído para o lado e vejo a grama do vizinho. Está num tom verde  extraordinário. Um tapete impecável. Comparo com meu jardim e vejo que há manchas causadas pelo sol, pequenas pragas, falhas na grama. Parece um capim selvagem.  A grama do vizinho é mais verde e mais bonita que a minha? Claro que sim, qualquer um pode ver.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Meu lar, meu bar, meu altar

 

Quando eu era criança tinha medo de fantasmas. De dia eram invisíveis e não me assustavam, mas à noite me atormentavam. Eram cruéis comigo, faziam barulhos estranhos e a qualquer momento poderiam vir me pegar e levar para algum lugar estranho e mal assombrado.

Cresci e o medo sumiu, mas como nada é para sempre, no inicio de 2020 veio a pandemia do Covid 19 e com ela, um novo medo. Passei a temer o vírus, um bichinho microscópico, invisível, silencioso que poderia, sem aviso prévio, me matar ou me jogar num leito de UTI entubado e segregado. Agora, passado mais de um ano desta terrível ameaça, outro medo assumiu minha mente.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O vazio de uma vida ocupada demais

 Mensagem de uma mãe para seu filho:

Bom dia meu amor, você está bem? Faz tempo que não tenho noticias suas.

Recomenda-se que as pessoas durmam em média oito horas por dia. A maioria não consegue, mas digamos que você consiga. Espero que sim. Ótimo, assim atinge o objetivo de um sono saudável. Como um dia tem 24 horas e você dormiu bem, deve estar descansado e preparado, pois restam ainda mais dezesseis preciosas horas para viver. Quero me atrever a fazer algumas contas, espero que não se importe.

Digamos ainda que você trabalhe oito horas por dia de segunda à sexta feira. Quarenta horas semanais. Dedicação integral, foco exclusivo em suas tarefas. Nada de ficar olhando mídias sociais, conversas paralelas ou pausas para cafezinho. Trabalho duro, pesado. Convenhamos que é possível produzir bastante nesta jornada e convenhamos também que você gosta de seu trabalho. Então lá se foram dezesseis horas de seu dia, mas ainda restam oito.

Uma hora por dia para exercícios físicos, afinal você precisa ficar em boa forma, e ainda ficamos com sete horas livres.

Uma hora por dia no trânsito. Calma, paciência, ainda temos seis horas pra usufruir.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Desencontros que aproximam


Que casal lindo, como se conheceram?

Na verdade ainda não nos conhecemos direito, estamos em processo de conhecimento um do outro. Pedimos até ajuda para um terapeuta. Vamos juntos lá uma vez por semana. Conversamos, contamos o que rola no dia a dia, dúvidas, desconfortos, expectativas, então ele tenta traduzir e simplificar o que não entendemos ou não sentimos adequadamente em relação a nós mesmos e ao outro. Estamos gostando da experiência de nos conhecermos com suporte profissional qualificado. É um aprendizado terceirizado.

Entendo, vou modificar a pergunta. Como se encontraram?

Trabalhamos no mesmo hospital. Sou médico anestesiologista, ela enfermeira. Por vezes somos escalados para atuar na mesma sala de cirurgia. Numa destas ocasiões, ao quebrar uma ampola de medicamento, cortei a mão. Sangrava muito. Ela prontamente veio em meu socorro com gazes, água oxigenada, álcool, ataduras. Segurou minha mão com firmeza, estancou a hemorragia e fez um belo curativo.

Perguntei a ela se quando a mão ficasse boa poderia segurar sua mão novamente com mais carinho e menos ansiedade para agradecer o atendimento. Ela respondeu com um sorriso e um piscar de olhos. Ali nos encontramos. Roubei um sorriso e ela me prendeu com uma atadura. Nossas mãos nunca mais se separaram.

domingo, 2 de maio de 2021

Não adianta nem tentar me esquecer

 Esta semana perdi mais uma amiga para a Covid. Cuidava-se bastante até que num maldito dia se contaminou. Começou com tosse, febre e em seguida falta de ar. Precisou ser internada na UTI e logo em seguida entubada. A partir daí, o único contato que a família conseguia era uma curta mensagem diária do médico plantonista às 16 horas onde comunicava a evolução do quadro clínico.

Durante trinta e dois dias mensagens técnicas dizendo que a febre havia baixado, os rins não estavam funcionando direito, a oxigenação havia piorado, contraíra uma pneumonia, até o fatídico dia em que comunicaram que não resistiu e partiu para uma outra existência. Morte solitária, cruel, patética, num penoso e frigido leito hospitalar. 

Trinta e cinco dias antes dessa tragédia, conversávamos ao telefone, trocávamos mensagens, fazíamos planos para o término da pandemia. Agora ela não está mais aqui, virou cinzas. E nem conseguimos nos despedir. Não lhe foi permitido dizer adeus. Não me foi concedido um último abraço. Senti como se inesperadamente tivessem  me arrancado um pedaço, um braço, uma perna, uma orelha, uma parte do coração. Não foi só ela quem morreu, uma porção de mim partiu junto com ela.

Não só com pessoas acontecem essas doenças terminais, alguns relacionamentos patológicos também acabam na UTI, permanecem em coma afetivo sem comunicação durante anos, sustentados pela ilusão de uma ressuscitação, até que num bem ou mal aventurado dia se desligam. Com ou sem sofrimento, velório ou missa de sétimo dia. Essas mortes simbólicas podem ser mais difíceis de lidar que a morte real. Na morte real não há dúvida, na simbólica ainda há algo vivo.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Quem viver, verá

 

Quando iniciou a pandemia, me propus a escrever um ou dois artigos mensais sobre o tema. Minha ideia não era fazer um relato histórico do ponto de vista médico sanitário ou político. Isto é assunto para historiadores.  Queria falar sobre o lado psicológico, os sentimentos gerados pela ameaça de contaminação e como as pessoas estavam reagindo frente ao isolamento social.

Uma das dúvidas que me afligia era se a humanidade iria crescer ética e espiritualmente e se teríamos uma consciência de mundo melhor ao final da pandemia.  Não tenho uma resposta definitiva. A peste ainda não terminou, continuamos cada vez mais enrolados nesta balbúrdia. No entanto, passado mais de um ano de observações, algumas pistas puderam ser observadas.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Morreu feliz para sempre

 

No instante em que a pessoa recebe o diagnóstico de uma doença terminal, ela começa a morrer. Se você pensa assim, talvez contando a história de Miguel, possa lhe mostrar que é possível acontecer exatamente o contrário, nascer neste momento fatídico e passar a viver o melhor e o pior de si. Não é preciso mais representar um personagem, não há mais tempo e importância para isso. A proximidade da morte abre espaço para um estado de humanidade jamais antes experimentado.

Ao realizar seu check-up de rotina anual, Miguel descobriu um exame alterado. Parecia estar com a saúde perfeita, mas aquele número estampado no papel do laboratório contradizia sua energia e higidez. Os médicos lhe deram seis meses de vida. Não se revoltou, não pensou que o exame estava errado, não achou que estava sendo punido, não se considerou azarado, não se culpou, aceitou a possibilidade iminente de morte, evitou negar os prognósticos médicos e, ao invés de morrer, passou a viver um luto antecipado.

Vou explicar. Foi descrito em 1944 um fenômeno que acontecia com esposas de soldados que iam para a guerra. Saber que talvez eles não voltassem, acionava um sentimento de perda e todas as consequências emocionais decorrentes. Batizaram esta situação de luto antecipatório.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Sua casa é um lar?

 

 

Imagine um lugar onde não exista o perigo de contaminação com o coronavirus. Todos podem se tocar, abraçar, beijar, sem medo de adoecer. Seria bom, não é? Seria ótimo. Melhor ainda se todas as pessoas fossem saudáveis, nada de doenças. Este deve ser o sonho de consumo atual de toda humanidade.

Pois é, ficaria melhor ainda se, além disso, as pessoas não precisassem se envolver com política, governo, mandos, desmandos, arbitrariedades, fake news, impostos. Talvez não se envolver não seja a expressão mais adequada, as pessoas não precisariam tomar conhecimento daquilo que acontece fora de suas casas, simplesmente alienar-se-iam dos atos governamentais e tocariam suas vidas.

Já que sonhar não custa, imaginemos também comida, bebida, música, diversão, piscina, academia de ginástica, festas. Tudo do bom e do melhor. Em tese, estes seriam os ingredientes para uma vida feliz. O que mais poderia estar faltando? Telefone celular e internet podem facilitar ou atrapalhar, aproximar ou afastar, então, por via das dúvidas, seriam retirados de circulação. Nesses casos, menos pode ser mais.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Na cama de outro

 

 

Um pouco antes de iniciar a pandemia, um amigo me procurou pedindo ajuda. Estava tendo um caso extraconjugal e foi descoberto pela esposa. Confusão formada, separação iminente.  Arrependido, não sabia mais o que fazer, não queria se separar, já havia implorado o perdão, no entanto o clima não estava nada favorável. Magoada, a esposa pediu que ele saísse de casa.

Conversei algumas vezes com o casal tentando ajudá-los. Devido à quarentena, houve certa dificuldade para ele encontrar um lugar onde morar de imediato, então foi ficando. Ele dormindo na sala, ela no quarto. Entreguei a eles um texto e pedi que lessem juntos, se possível à noite, bebendo um bom vinho tinto e depois fossem dormir. Não era necessário discutir o assunto, apenas ler.  Estranharam o pedido, mas não recusaram.

Ontem recebi um vídeo onde ele a pedia em casamento pela segunda vez.  Ela aceitou. Ambos estavam abraçados, chorando e sorrindo de felicidade. Autorizaram-me a publicar o texto no intuito de quem sabe ajudar algum outro casal que possa vir a passar pela mesma situação. Então ai vai:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Entre o medo e a esperança

 

Quando assistimos pela primeira vez na televisão, finalzinho de fevereiro de 2020, era tudo muito estranho, quase inacreditável. Pessoas morrendo nas ruas, hospitais lotados, cidade de Wuhan sitiada, ninguém entrava nem saía, todos usando máscaras, proibidos de sair de casa. Médicos apavorados não sabiam o que estava acontecendo. Parecia um filme de ficção científica. Mas isso estava acontecendo na China, lá no fim do mundo, do outro lado do planeta, jamais iria nos atingir. Até mesmo porque a cidade ficou em isolamento, marginalizada, apartada do resto da humanidade. Pra falar a verdade, nem sabíamos se aquilo estava mesmo acontecendo.

Não demorou muito e o drama se espalhou pela Europa. Só que ingenuamente acreditamos que nunca chegaria por aqui. O vírus não atravessaria um oceano e não resistiria ao calor tropical. Lá era inverno, neve, frio; aqui estávamos na quentura do verão, o vírus se afogaria no mar ou derreteria antes de nos atacar. Passaram-se algumas semanas, Espanha e Itália repetindo o drama chinês, foi a hora da Organização Mundial de Saúde decretar que estávamos frente a uma pandemia. Alguns de nós nunca havíamos escutado esta palavra, mas parecia algo sério que incluía todos os continentes e todos nós.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Quer saber o seu futuro?

 

Se você teve a sorte de vir a este mundo, continua vivo e tem condições de pensar, em algum momento vai procurar respostas sobre as grandes perguntas da vida. Como tudo começou, como vai terminar, qual a razão de tanto sofrimento, o que acontece após a morte... E basicamente vai ter dois caminhos para escolher.

Segundo a Ciência, houve uma grande explosão no espaço em que um átomo primordial se expandiu. Teoria do Big Bang. Como resultado da explosão, uma esfera incandescente se resfriou, originando o universo. Reações químicas foram se desencadeando ao acaso formando micro organismos que evoluíram até chegar ao que conhecemos hoje como “Homem”.

Segundo a Bíblia, Deus criou o céu e a terra. Durante seis dias foi criando o ar, a água, as árvores, animais e, por último, criou o “Homem”. No sétimo dia descansou. O que Deus fez em seis dias, segundo o Gênesis, a natureza parece ter levado quinze bilhões de anos.

A Bíblia conta 5781 anos desde a criação do mundo, a Ciência estima a idade do mundo em cerca de 15 bilhões de anos. É muita divergência. Alguns tentaram unificar o sagrado e o profano, explicando que talvez Deus tenha criado o mundo e depois o abandonou a própria sorte, outros concluíram que a discrepância era enorme e optaram entre Deus e a Ciência, mas a maioria da população pensante convive entre a dúvida e a indecisão.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Perfeitamente Imperfeito

Promete me amar para sempre?

Prometo lhe pagar a dívida em trinta dias.

Se meu esposo ficar curado prometo nunca mais comer doces.

Fazer uma promessa é fácil, cumprir é outra história. Promessa é um compromisso assumido de fazer, dar ou dizer alguma coisa. O verbo utilizado em uma promessa costuma ser  sempre utilizado no tempo futuro, não no presente. Promete-se com o intuito de cumprir o pacto mais adiante, não agora. Na maior parte dos casos, prometer é um adiamento do compromisso com o intuito de diminuir o stress e a ansiedade de um ou ambos os envolvidos.

O cartão de crédito pode ser considerado uma forma moderna de promessa, a pessoa compra algo e assume que vai pagar mais adiante. Claro que antes de receber o cartão, a vida financeira da pessoa é revirada ao avesso para saber se a mesma é digna de confiança.  Se por algum motivo não realizar o pagamento, imediatamente seu crédito será retirado e o nome ficará sujo na praça.