Muita gente tem medo de
mim. Não sou mal encarado, bandido, malfeitor, delinquente ou brigão. Nada
disso. Sou médico anestesiologista, trabalho em um hospital e incontáveis vezes
ao me apresentar aos pacientes, fui recepcionado com frases do tipo chegou o
perigoso, tenho medo da anestesia, tenho um conhecido que morreu da anestesia e
por ai vai.
É o preço que pagamos por um passado onde a anestesia era realizada de maneira empírica, sem instrumentos apropriados, conhecimento especializado ou medicamentos seguros e, por conta disso, ocorreram inúmeros acidentes. Naquela época, quando uma pessoa necessitava ser submetida a uma operação, a família profilaticamente rezava e chorava na porta do centro cirúrgico esperando por uma desgraça iminente. Hoje anestesia é um procedimento extremamente seguro, praticamente isenta de riscos. Os tempos mudaram, porém o medo teima em persistir.