terça-feira, 1 de maio de 2018

A senha do Paraiso

Quando completamos um mês de namoro, Marta pediu a senha de meu celular. Alegou que seu telefone era desbloqueado, não tinha nada a esconder e gostaria de reciprocidade. Foi além, disse que concederia alguns dias para que excluísse conversas e fotos comprometedoras do passado, pois não gostaria de abrir meu aparelho e encontrar outras mulheres me abraçando, mesmo que estes fatos houvessem ocorrido cinco, dez ou quinze anos atrás.
Fui pego de surpresa com este pedido, realizado sem anestesia nem aviso prévio. Aliás, na hora não consegui distinguir se aquilo era um pedido, uma ordem ou brincadeira. Confesso que também nunca havia pensado direito no assunto, mas uma coisa posso afirmar, não gosto de receber ordens, muito menos de uma namorada de trinta dias. Não sabia o que responder, talvez até liberasse a senha, mas imaginava que aquilo deveria ser iniciativa minha.