Quando completamos um mês de namoro, Marta pediu a senha de meu
celular. Alegou que seu telefone era desbloqueado, não tinha nada a esconder e
gostaria de reciprocidade. Foi além, disse que concederia alguns dias para que
excluísse conversas e fotos comprometedoras do passado, pois não gostaria de
abrir meu aparelho e encontrar outras mulheres me abraçando, mesmo que estes
fatos houvessem ocorrido cinco, dez ou quinze anos atrás.
Fui pego de surpresa com este pedido, realizado sem anestesia nem aviso
prévio. Aliás, na hora não consegui distinguir se aquilo era um pedido, uma
ordem ou brincadeira. Confesso que também nunca havia pensado direito no
assunto, mas uma coisa posso afirmar, não gosto de receber ordens, muito menos
de uma namorada de trinta dias. Não sabia o que responder, talvez até liberasse
a senha, mas imaginava que aquilo deveria ser iniciativa minha.