- Você me enxerga só como amiga ou me vê também como
mulher?
A pergunta lhe pegou de
surpresa. Eram amigos há bastante tempo, aliás, muito tempo e muito amigos
mesmo, daqueles que contam tudo ou quase tudo, mas jamais passaram disso. Acho
que nunca pensara em ultrapassar este limite.
Atordoado com a situação, respondeu
de chofre que obviamente a via como mulher além de amiga. Ela, percebendo que
ele fisgara a isca, aplicou o golpe final:
- Você não sente desejo
por mim? Nunca sentiu?
Agora, além de atordoado,
ele estava perplexo e desorientado. Nunca imaginara este duelo sentimental,
estava desconfortável, parecia um menino tímido de quinze anos, apesar de seus
trinta e poucos. Talvez para não magoá-la, talvez por não saber o que
responder, disse que algumas vezes sentiu vontade de beijá-la.
Ela avançou mais uma vez o sinal: