quinta-feira, 28 de julho de 2022

Tempo

 

Os homens não conseguiriam viver muito tempo em sociedade se não se deixassem enganar uns pelos outros. Uma dessas armadilhas é a contagem do tempo, uma convenção que não se adapta a todos. 

A sociedade criou o controle do tempo objetivo, medido em relógios e calendários, aspirando organizar agendas e encontros. Utilizamos relógios no pulso, nos celulares, nos luminosos das ruas. Somos avisados por alarmes para não atrasarmos ou esquecermos determinados compromissos. Viramos dependentes do relógio. Talvez a melhor expressão nesse caso seja escravos, viramos escravos do tempo.

Algumas pessoas não estruturam seu tempo dessa maneira. Existe um tempo subjetivo, interno, vivenciado. As horas não fazem mais sentido. Não é com o relógio que contam as horas; é com a saudade. Só vivem o tempo que recordam. Não querem ficar com a herança da avó velhinha, querem ficar com a saudade da vovó.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

GPS

 

Lembra como eram as viagens de carro antigamente? O motorista entregava um mapa para quem estava a seu lado, geralmente a esposa, e a pobre coitada era obrigada a decifrar aquelas marcações e conferir instantaneamente se a rota indicada no mapa conferia com a estrada que estava em frente. Quase nunca dava certo.

Quando o copiloto dizia para virar à esquerda já estavam em cima da curva, havia um carro justo atrás que não permitia a manobra ou a rota indicada estava errada e o casal se perdia no sentido literal e figurado da palavra. Perdidos no caminho e no relacionamento.   

Entregar o mapa para o copiloto era, no mínimo, sinônimo de discussão certa e mau humor durante o trajeto. Milhares de viagens foram estragadas por falta de sintonia entre piloto, copiloto, mapa e estrada.

Surge então o GPS para terminar com as discussões e calcular a melhor maneira de se chegar ao destino. Você coloca o endereço desejado e sua rota será guiada por um satélite. A probabilidade de erro é mínima.