Os homens não conseguiriam
viver muito tempo em sociedade se não se deixassem enganar uns pelos outros.
Uma dessas armadilhas é a contagem do tempo, uma convenção que não se adapta a
todos.
A sociedade criou o controle
do tempo objetivo, medido em relógios e calendários, aspirando organizar
agendas e encontros. Utilizamos relógios no pulso, nos celulares, nos luminosos
das ruas. Somos avisados por alarmes para não atrasarmos ou esquecermos
determinados compromissos. Viramos dependentes do relógio. Talvez a melhor expressão
nesse caso seja escravos, viramos escravos do tempo.
Algumas pessoas não estruturam seu tempo dessa maneira. Existe um tempo subjetivo, interno, vivenciado. As horas não fazem mais sentido. Não é com o relógio que contam as horas; é com a saudade. Só vivem o tempo que recordam. Não querem ficar com a herança da avó velhinha, querem ficar com a saudade da vovó.