domingo, 23 de janeiro de 2022

Não estou só, estou sem

Realizei uma pesquisa com pessoas que perderam familiares durante a pandemia de Covid-19. Com a devida permissão, transcrevo um trecho da entrevista de uma viúva de 55 anos de idade, que num espaço de apenas cinco dias, obteve o diagnóstico, internou e perdeu o marido que tanto amava. Era um profissional autônomo de 60 anos, aparentemente saudável, levemente obeso. Não tinham filhos.

Entrevista realizada três meses após o falecimento. Infelizmente não consigo transcrever as lágrimas que escorreram na tela, mas aconteceram. Não foram poucas. Contagiaram o entrevistador.

- Sente muita solidão depois da perda?

“A questão não é solidão. Tenho amigos, família e até um psicólogo que está me orientando, dando apoio e companhia. Não se trata de estar só, mas de estar sem. Ele não está mais aqui para dividir a vida comigo. Partiu de repente, sem se despedir. Foi triste, esta sendo muito triste.