Realizei uma pesquisa com
pessoas que perderam familiares durante a pandemia de Covid-19. Com a devida
permissão, transcrevo um trecho da entrevista de uma viúva de 55 anos de idade,
que num espaço de apenas cinco dias, obteve o diagnóstico, internou e perdeu o
marido que tanto amava. Era um profissional autônomo de 60 anos, aparentemente
saudável, levemente obeso. Não tinham filhos.
Entrevista realizada três
meses após o falecimento. Infelizmente não consigo transcrever as lágrimas que
escorreram na tela, mas aconteceram. Não foram poucas. Contagiaram o entrevistador.
- Sente muita solidão
depois da perda?
“A questão não é solidão.
Tenho amigos, família e até um psicólogo que está me orientando, dando apoio e
companhia. Não se trata de estar só, mas de estar sem. Ele não está mais aqui
para dividir a vida comigo. Partiu de repente, sem se despedir. Foi triste,
esta sendo muito triste.