sábado, 20 de junho de 2009

LIBERDADE É UMA ILUSÃO

A vida é feita de escolhas. Isso não é novidade alguma. Um time de futebol, um marido, uma mulher, um par de meias, um tomate no supermercado. Cuidar da saúde ou negligenciar. Ser leal ou trair. Escolher significa excluir, abrir mão de alguma coisa em detrimento de outra. Muitas vezes abdicar.

E a questão das escolhas começa a ficar mais crítica quando extrapolamos o cotidiano e vamos direto aos extremos: prisão e liberdade. Uma situação bastante comum é poder sair de casa e ir onde quiser, do modo que achar melhor, seja de carro, ônibus ou caminhando. O normal da vida é ter saúde e liberdade para se movimentar, mudar de rumo, trocar de condução.

Quando se perde a liberdade, junto vai o poder de decisão. Dependendo do grau desta perda, as escolhas ficam praticamente impossíveis. Já se perdeu tudo (ou quase) em função desta prisão. A prisão física nos impede de ir e vir. A doença também pode ser uma prisão e nos tirar o poder de locomoção e de escolha. Mas o que as pessoas prezam mais, liberdade ou saúde?

O que fazer com uma saúde de ferro na prisão?
De que adianta ser livre sem saúde?

Quando alguém tem sua liberdade cerceada, imediatamente lança mão de um advogado para que lhe restaure o direito de ir e vir. Entretanto, quando as pessoas tem sua saúde ameaçada, não procuram o médico com tanta urgência. Exercem sua liberdade de escolher entre procurar tratamento imediato, adiar a consulta ou até mesmo negar a doença. Será a liberdade mais valorizada?

Quando um presidiário está condenado à pena de morte e tem sua sentença revertida para prisão perpétua, advogado e apenado comemoram. Estar vivo vale mais que ser livre?

É importante lembrar que esta liberdade de escolha entre prevenir, tratar ou negligenciar doenças pode se transformar em uma armadilha, uma vez que se houver negligência e a doença evoluir, pode terminar por aprisionar o indivíduo. Da mesma forma, a liberdade de ir e vir pode acabar levando para a cadeia.

A dor que não passa é um alerta do corpo avisando que algo vai mal e nos obriga a reavaliar a saúde e procurar ajuda médica. Para o abuso de liberdade não existem sinais preventivos e nem sempre os excessos são percebidos. Alguns levam a vida de uma forma aparentemente normal, acreditando na esperteza, contando com a sorte e aprontando golpes de ilegalidade até o dia em que a dor aparece. A dor do bolso. Este é o lugar que geralmente as pessoas sentem e muitas vezes quem entra em cena como salvador não é mais o médico, mas sim o advogado. Dor no bolso dói mais que dor física?

Médicos pregam que doenças, quando controladas, nos fazem levar uma vida praticamente normal. O que é esse praticamente normal? Não fumar, não comer sal, não comer açúcar, não subir escadas, não cometer exageros...isto é normal?

Isto é liberdade?

Liberdade é uma palavra que rima e ao mesmo tempo se confunde com responsabilidade. E de quem é a responsabilidade se isso se confundir, se as noções de liberdade terminarem por aprisionar as pessoas? No fundo, cada um acaba por escolher até onde vai a sua liberdade, ou por outro lado, qual o tamanho da cela em que quer viver.

Afinal, vivemos mesmo em liberdade? Você preza mais sua saúde ou sua liberdade?
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terça-feira, 2 de junho de 2009

QUANTO CUSTA UM SONHO?

Quanto custa um sonho? Um real e cinquenta centavos.

Não, este não é o preço de um sonho de padaria. É o preço de sonhar acordado. O mais barato que encontrei. Um real e cinquenta centavos é a aposta mínima da mega sena. Cada vez que um cidadão compra um bilhete, além da probabilidade de ser sorteado e ganhar uma bolada em dinheiro, está comprando também alguns dias de sonho. Até o dia do sorteio, o sonho de ser milionário pode acontecer.

A chance de ser sorteado é uma em 50 milhões, mas isto não importa. O que vale é o sonho, e este não precisa terminar. Apostando um real e cinquenta centavos por semana o sonho e a esperança podem ser renovados e assim vai se levando a vida.

Existem sonhos que não custam nada. Acontecem enquanto se dorme, mas nem sempre são agradáveis. Por vezes acontecem pesadelos e o barato acaba custando caro. Além disto, em algum momento é preciso acordar, e então o sonho se perde, sem chances de renovação.

Sonhar é ótimo, dormindo ou acordado. O ser humano chegou até a lua porque um dia sonhou com isto. Alguns duvidaram que fosse possível, outros negam até hoje. Um grupo de abnegados acreditou na idéia, trabalhou duro e um dia chegou lá, fincou a bandeira, caminhou, tirou fotos e trouxe pedaços da lua. Não foi um sonho barato e jamais se perderá ou será esquecido.

Não ter pão para comer, desejar caviar e toda semana comprar sonhos de loteria é sonhar a vida. Sonhar em ser advogado, estudar, passar no vestibular, cursar a faculdade, se formar e exercer a profissão é viver o sonho.

A diferença entre sonhar a vida e viver o sonho pode ser simbolizada por um despertador emocional. Um aparelho que promova um despertar saudável mostrando que sonhos fáceis, baratos e sem necessidade de esforço podem ser irreais, frágeis, fugazes e com possibilidades de fracasso.

Sonhos caros e trabalhosos inicialmente podem parecer difíceis e até mesmo impossíveis, mas a persistência da busca os torna concretos, palpáveis, perenes e motivo de orgulho. Fisicamente não teremos condições de viver todos os sonhos e alguns terão que ser abandonados ou reformulados. Desistir ou trocar de sonho não é derrota. Milhares de homens e de anos foram necessários para construir o foguete que levou o primeiro homem a lua. O sonho e o trabalho de todos estes homens não foi em vão.

Lévy Hutchins em 1787 inventou o despertador físico, mas o projeto final ainda não está completo. O sonho do despertador emocional ainda cativa, impulsiona e mantém viva nos homens a esperança de um dia perceberem que somente acordando de um sonho é que se pode vivê-lo plenamente.

Quanto custa um sonho? Um real e cinquenta.

Quanto vale um sonho? Uma vida!
Leia mais no site www.ildomeyer.com.br
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