sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

2023 - Quem vai jogar?

 


Texto original foi escrito na véspera do ano de 2020, mas relendo, percebi que agora está fazendo mais sentido que na época. Fiz algumas atualizações para contextualizar o que se vislumbra depois destes dois anos de pandemia. 

David era um menino que não sabia direito a origem de seu nome. Seu pai dizia que era uma homenagem ao grande mágico americano David Copperfield, a mãe replicava alegando que deu o nome pensando no rei David, o grande sábio de Israel. Seja como for, eram duas grandes personalidades inspiradoras para sua vida.

Aos cinco anos de idade, como presente de aniversário, foi levado a Las Vegas para assistir ao show de mágicas de seu suposto influenciador nominal. Ficou encantado. Ao final, mais uma surpresa, tirou fotos, abraçou e foi presenteado com a varinha mágica do próprio David Copperfield.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Tempo útil

 

Era uma vez, há muito tempo atrás, um Ildo que frequentava um consultório de terapia analítica e tinha uma técnica muito singular de se comportar. Colocava seu despertador para tocar quinze minutos antes do final da sessão com o objetivo de orientar sua fala nos próximos minutos.

Depois de algumas consultas, o terapeuta percebeu aquela rotina e, intrigado com aquele sobressalto contumaz, perguntou o que significava aquele barulho acionado em todas as sessões. Respondi que precisava saber quanto tempo faltava para o término da consulta, pois não gostaria de iniciar um assunto importante e delicado e abruptamente ser interrompido pelo despertador do terapeuta sugerindo que continuássemos a conversa na próxima semana. Preferia deixar o assunto pendente, mas não interrompido. Já acontecera em situações anteriores e aquilo havia me deixado muito chateado.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Aparências enganam

 

Aparências enganam. Palavras também. Parecia um casal em perfeita harmonia, conversavam bastante, discutiam a relação, mas por baixo dos lençóis as coisas não estavam bem.

Aos poucos o “eu te amo” foi sendo trocado pelo “se cuida”, o beijo apaixonado foi reduzido a um selinho, o abraço apertado virou um tchau com cara de adeus. Decidiram então que já não se amavam, os corações não mais se encaixavam e não precisariam ficar a espera de um final penoso e litigante. O melhor que tinham a fazer era a separação.

Decidiram também que o melhor para eles seria não se encontrarem dali para frente. Trocaram olhares profundos, palavras de desfecho,  fizeram as divisões necessárias  e nunca mais se viram.