sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

A verdade nunca mata


Conheci Pedro no hospital. Internou-se com uma forte dor nas costas. Era um homem com seus cinquenta anos de idade, casado, aparentemente sadio. Bem sucedido profissionalmente, praticava esportes, tinha vida regrada e não fazia uso de medicamento algum. Aquela dor não parecia estar relacionada com  mau jeito ou traumatismo. Havia algo de estranho.

Prescrevi alguns analgésicos que aliviaram seu sofrimento, mas era preciso investigar a origem da dor. Depois de alguns exames o diagnóstico parecia ser de um câncer no pâncreas com metástases para a coluna. O prognóstico dessa doença é muito ruim, meses de vida. Era preciso que tanto ele como a família fossem informados.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Existe um depois após o fim


Luisa e Carlos já namoravam há três anos e aparentemente se davam muito bem. Eventualmente discutiam a relação, mas sempre em alto nível, jamais se ofenderam, alteraram a voz ou agrediram-se mutuamente.

Certo dia, Carlos, num ato falho (psicanalistas dizem que não existe), chamou Luisa pelo nome da ex, Ana. A circunstância não vem ao caso, o fato é que não há como passar despercebido ou ignorar. Luisa fez uma cara de espanto, deu um sorriso amarelado, falou uma bobagem qualquer e, ato contínuo, acendeu uma luz vermelha piscante em sua mente.

O que significava aquela mensagem? Seria um ato falho, um deslize, um engano, o primeiro sinal da doença de Alzheimer, uma mensagem subliminar? A luz vermelha piscava cada vez mais forte em busca de respostas.