Houve uma
época em que decidi aprender a pescar. Não sei explicar o motivo — talvez fosse
só uma vontade de ficar sozinho, de silêncio, de desacelerar, ou só um capricho de fim de semana.
Comprei um
livro chamado “Tudo sobre Pescaria” e outro chamado “Pescar é esperar”, porque
é claro, que eu iria começar pelos livros. Devorei-os em uma semana. Pesquisei vídeos no YouTube, comprei vara, anzol, isca, boné, tudo. Me
achava o mestre da pesca, na teoria sabia tudo.
Disseram-me
que havia um bom rio na cidade de Viamão. Num domingo ensolarado, peguei minhas
coisas, e fui até lá. Escolhi uma árvore com sombra, sentei ali e joguei o anzol.
A ideia era simples: esperar, como o livro dizia: Pescar é esperar
E eu
esperei. Nada aconteceu. Nenhum peixe, nenhuma fisgada. Mas enquanto nada
acontecia, comecei a filosofar (óbvio).
Me veio aquela frase que talvez vocês conheçam: "O homem não se banha
duas vezes no mesmo rio" , o rio muda, o homem muda...
A água passava, as folhas boiando, a correnteza seguindo, o tempo passando, e eu ficava ali, meio peixe fora d’água.