Dizem que a beleza está
nos olhos de quem vê. Mas os olhos, coitados, se iludem. Pensam que beleza está
juventude: pele esticada, corpo firme, frescor no olhar. E quando a juventude passa, o que sobra? A juventude é
uma carta de apresentação com prazo de validade. Não é por ai.
Estaria a beleza na
estética? Corte perfeito, corpo no padrão, rosto simétrico, roupa de grife.
Tudo impecável até a primeira lágrima borrar a maquiagem e mostrar que tudo
aquilo é apenas fachada.
E o charme? O jeito de falar,
de andar, o olhar que prende, a risada que contagia. É um magnetismo encantador,
inegável e quase inexplicável. Mas charme sem alma é como fogos de artifício:
bonito por segundos, logo se apaga, deixando o cheiro de pólvora no ar.
A inteligência também
concorre ao pódio da beleza. Chegam a ser cúmplices. Há quem diga que nada é
mais bonito que uma mente afiada. Mas uma inteligência afiada e mal direcionada
pode ser perigosa demais para ser chamada de bela.
Mas a beleza verdadeira
não se mede, não cabe nestas caixinhas.
Ela é maior. Vive no caráter, na
vulnerabilidade, na autenticidade, na resiliência, na espiritualidade, num
acordo entre conteúdo e forma. Mais ainda, a beleza existe também no
imperfeito: na cicatriz que guarda histórias, nas rugas que registram risadas,
na coragem de se revelar em vez de esconder.