Você tem medo do quê?
De errar? De ser julgado? De se olhar no espelho e não reconhecer quem vê?
De se mostrar? De dar certo demais e sua vida virar do avesso?
Ou talvez o medo nem tenha nome, seja só um peso que aperta o peito sem pedir
licença.
O medo é um tipo estranho de GPS.
Aponta, de forma invertida, para o que realmente é urgente.
Se há uma pessoa, uma situação ou uma escolha que te paralisa, é ali que está a
saída.
O medo é bússola, nunca sentença.
Mas a gente insiste em tratá-lo como prisão.
E o pior: boa parte dos nossos medos nem é nossa, são fantasmas herdados.
Medo ensinado. Medo domesticado. Medo viral.
O medo do ridículo é o mais cruel de todos.
Porque não é medo de falhar, é medo de se mostrar.
De ser autêntico. De expor ideias, talentos, voz.
E quem teme se mostrar, teme ser visto.
E, no fundo, teme existir.
Mas nem todo medo vive no escuro, debaixo da cama.
Alguns nos seguem no Instagram, usam perfume, tomam café conosco, abraçam,
dizem que está tudo bem,
mas nos diminuem um pouco a cada dia.
Não têm presas nem garras. Mordem com palavras.
Ferem com o silêncio, com a indiferença.
Sabem exatamente onde tocar pra doer.
Não rugem. Sussurram.
E o veneno que destilam é tão doce que a gente até pede mais.
Pesadelo é o alarme do cérebro para o que ainda
precisamos encarar acordados.
Mas a gente desperta aliviado, achando que foi só um sonho, não vai mais
acontecer e volta a dormir, mesmo de olhos abertos.
Eu já fugi.
Tive medo de errar, de me expor, de me quebrar.
Me escondi atrás de certezas, de planos, de desculpas bonitas.
Mas, ironicamente, foi assim, fugindo, que mais errei.
Até que um dia o medo veio, e eu não fugi.
Caí, doeu, mas aprendi.
Agora tenho um medo a menos.
Ele ainda me visita, mas não dorme mais comigo.
Já não decide por mim.
O medo me salvou algumas vezes.
Mas me impediu de viver muitas outras.
Por medo de chorar, deixamos de rir.
Por medo de perder, deixamos de amar.
Por medo de cair, deixamos de voar.
A vida real acontece ali, onde o medo ainda existe,
mas não manda.
Não nascemos pra pedir licença ao medo.
Nascemos pra dançar, mesmo tremendo, suando, tropeçando.
Porque cada passo, mesmo inseguro, é um medo a menos.
E uma vida a mais.
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