sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Um medo a menos, uma vida a mais


Você tem medo do quê?
De errar? De ser julgado? De se olhar no espelho e não reconhecer quem vê?
De se mostrar? De dar certo demais e sua vida virar do avesso?
Ou talvez o medo nem tenha nome, seja só um peso que aperta o peito sem pedir licença.

O medo é um tipo estranho de GPS.
Aponta, de forma invertida, para o que realmente é urgente.
Se há uma pessoa, uma situação ou uma escolha que te paralisa, é ali que está a saída.

O medo é bússola, nunca sentença.
Mas a gente insiste em tratá-lo como prisão.
E o pior: boa parte dos nossos medos nem é nossa, são fantasmas herdados.
Medo ensinado. Medo domesticado. Medo viral.

domingo, 5 de outubro de 2025

Você sabe perdoar?

Pense numa traição. Não qualquer uma, mas aquela. A que deixou

cicatriz, A que veio de quem estava perto, dividia a mesa, os sonhos

e até o silêncio. De quem você menos esperava. Porque, sejamos

francos, inimigos não traem, apenas confirmam o que já

esperávamos deles. Quem nos apunhala pelas costas geralmente é

uma mão conhecida.


Você seria capaz de realmente perdoar? Não falo do perdão

superficial, automático e banal que se usa como etiqueta social para

encerrar uma discussão e salvar as aparências. Estou falando do

perdão profundo, quase sobre-humano, que exige rasgar o próprio

orgulho e encarar de frente o traidor e a ferida aberta.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Procura-se alma gêmea

 

Segundo a Cabala e outros textos místicos, a alma de cada pessoa nasceu de uma alma única primordial, só que antes de descer a este mundo, ela foi dividida em duas metades: uma masculina e outra feminina. Essas metades, ao encarnarem, entram em corpos diferentes. 

Por que isso acontece? Faz parte de um plano divino muito maior.

Cada metade precisa aprender a ser completa em si mesma antes de reencontrar a outra. Essa caminhada é feita de muitas vidas, encontros e desencontros, silêncios e saudades, dores, descobertas e inseguranças, tudo para que cada lado desenvolva força, paciência, compaixão, sabedoria, bondade, empatia, amor.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Quer casar comigo? Depende...

 

— Quer casar comigo?

— Depende.

— Depende do que?

— Do que você chama de casamento e, principalmente, por que você quer casar.

A gente já se ama, dorme junto, conhece o riso e o silêncio um do outro como ninguém. Então, o que mais essa palavra “casamento” colocaria na mesa?

Uma aliança no dedo pra mostrar pro mundo? Vestido branco com véu arrastando no chão? Assinatura no cartório com caneta azul? Benção de um padre, rabino ou quem quer que seja? Festa com bolo de três andares e convidados que a gente mal conhece? Discursos e performances ensaiados? Foto oficial com sorrisos congelados?
Nada disso me faria suspirar e dizer sim.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Beleza, qual a tua verdade?

 

Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. Mas os olhos, coitados, se iludem. Pensam que beleza está juventude: pele esticada, corpo firme, frescor no olhar. E quando  a juventude passa, o que sobra? A juventude é uma carta de apresentação com prazo de validade. Não é por ai.

Estaria a beleza na estética? Corte perfeito, corpo no padrão, rosto simétrico, roupa de grife. Tudo impecável até a primeira lágrima borrar a maquiagem e mostrar que tudo aquilo é apenas fachada.

E o charme? O jeito de falar, de andar, o olhar que prende, a risada que contagia. É um magnetismo encantador, inegável e quase inexplicável. Mas charme sem alma é como fogos de artifício: bonito por segundos, logo se apaga, deixando o cheiro de pólvora no ar.

A inteligência também concorre ao pódio da beleza. Chegam a ser cúmplices. Há quem diga que nada é mais bonito que uma mente afiada. Mas uma inteligência afiada e mal direcionada pode ser perigosa demais para ser chamada de bela.

Mas a beleza verdadeira não se mede,  não cabe nestas caixinhas. Ela é maior.  Vive no caráter, na vulnerabilidade, na autenticidade, na resiliência, na espiritualidade, num acordo entre conteúdo e forma. Mais ainda, a beleza existe também no imperfeito: na cicatriz que guarda histórias, nas rugas que registram risadas, na coragem de se revelar em vez de esconder.