Texto original foi escrito na véspera do ano de 2020, mas
relendo, percebi que agora está fazendo mais sentido que na época. Fiz algumas
atualizações para contextualizar o que se vislumbra depois destes dois anos de
pandemia.
David era um menino que não sabia direito a origem de seu
nome. Seu pai dizia que era uma homenagem ao grande mágico americano David
Copperfield, a mãe replicava alegando que deu o nome pensando no rei David, o
grande sábio de Israel. Seja como for, eram duas grandes personalidades
inspiradoras para sua vida.
Aos cinco anos de idade, como presente de aniversário, foi levado a Las Vegas para assistir ao show de mágicas de seu suposto influenciador nominal. Ficou encantado. Ao final, mais uma surpresa, tirou fotos, abraçou e foi presenteado com a varinha mágica do próprio David Copperfield.
No outro dia, ainda no quarto do hotel, chorava copiosamente.
Havia sido enganado pelo ídolo. A varinha presenteada não fazia mágica alguma.
Era falsa. Frustrado, magoado e indignado com seu xará, enfiou a varinha num
saco e prometeu que nunca mais seria enganado.
Aos 18 anos, David mais amadurecido, já cursava a
universidade, mil planos para o futuro da humanidade e super entusiasmado com
as eleições. Seria sua primeira oportunidade de votar e escolher um
representante no governo. Estudou os projetos de todos os candidatos, assistiu
os debates e finalmente se decidiu pelo melhor. Estava tão convicto de sua
opção que fez campanha eleitoral e até mesmo militância política.
Seu candidato foi eleito, porém poucos meses após a posse,
David percebeu que os discursos pré eleitorais eram completamente vazios. Nada
do que prometera estava acontecendo. Como no episódio com a varinha mágica,
sentiu-se enganado e desiludido. As máscaras caíram, o mundo perdeu a magia. Descobriu
que votar é a versão adulta de escrever cartas para Papai Noel.
Será que David foi enganado ou ele próprio foi seu inimigo se deixando enganar? Uma varinha ou um político seriam as soluções mais adequadas de seus anseios? Para muitas pessoas é assim que funciona. É mais fácil transferir a responsabilidade para outros ou para algo e ficar esperando que a mágica aconteça. Enquanto se espera, nada acontece. Pode até acontecer, mas o protagonista não será David e provavelmente não aconteça do jeito que ele esperava.
Seu outro herói, David, o rei de Israel, não ficou esperando.
Encarou o gigante Golias. Não se amedrontou, não pediu ajuda, confiou em si e
venceu o inimigo. Partiu dele a iniciativa da mágica e o milagre aconteceu.
No teatro, cinema ou esporte podemos ser espectadores ou
torcedores, mas na vida real precisamos ser protagonistas. Um torcedor pode
desistir do jogo na metade, pode decidir torcer por outra equipe, pode
inclusive beber algumas cervejas durante a partida.
Protagonistas, atletas e atores, por outro lado, assumem
responsabilidades. Treinam, ensaiam, se dedicam e vão ter influência no
resultado final
Muito se espera da chegada de um novo ano. Ano novo, vida
nova, dizem os comerciais de televisão. Queria realmente acreditar nisso, mas
não consigo, preciso compartilhar algumas descrenças. Não entenda minhas palavras
como pressão por mudança, sequer como cobrança do que você realizou ao longo
deste ano. Provavelmente você fez aquilo que acreditou ser o melhor.
Não se iluda, 2023 não vai funcionar como um recomeço, é
apenas a contagem artificial do tempo, uma mudança na folha do calendário. A
virada do ano funciona como a varinha mágica de David, se não houver um mágico
por trás, alguém que faça acontecer, nada vai funcionar. Este mágico precisa e
pode ser você. A vida é muito mais que um calendário.
Inúmeras oportunidades surgirão. Outras tantas serão
perdidas. Incertezas, temores, tristezas. Seremos ingênuos e inocentes como o
pequeno David acreditando que dizer abracadabra com uma varinha na mão enquanto
tecla na urna eletrônica magicamente contribuirá para a criação de um novo
mundo encantado?
Quem será o roteirista do capitulo 2023 de sua vida? Varinha
mágica? Governo? Destino? Astros? Amigos? Amores? Família? Calendário? Você?
Deus?
Jamais haverá ano novo se continuarmos a copiar os erros dos
anos velhos. Toda pessoa deve saber que dentro de si existe uma chama esperando
por ser acesa. Não deixe ninguém jogar por você. Saia da zona de conforto. Torne-se
um mágico, suba no palco, cante uma serenata e faça muitos gols. Esqueça o
calendário e que Deus nos proteja.
Em 2023, serei minha própria diretora. Tive uma chegada sólo neste mundo, e quando partir nada levarei. Penso que nossas escolhas possam passar, muitas vezes, por equívocos ou que nossas fontes possivelmente tenhamos sido adulteradas ou erroneamente interpretadas. Adquiri paciência ao longo de alguns anos, porém não sou paciente, vou atrás da informação pois muito acreditei em varinhas de condão (atributo ou qualidade especial que supostamente induz uma influência, positiva ou negativa, eventualmente mágica, sobrenatural.) que nunca funcionaram. Feliz Natal e ótimo Ano Novo.
ResponderExcluirPercebi que já não temos mais a identificação no Blog. Marilucia
ExcluirMarisa Saba Excelente comparação feita com a escrita de cartas ao papai Noel e os votos efetuados
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