Começou como faísca, virou
incêndio e depois cinzas. No lugar do calor, ficou só o silêncio. Um silêncio
que não é paz, mas ausência. Minha avó já dizia: o divórcio começa no namoro.
Ela tinha razão. O afeto
não se despede com gritos, simplesmente vai deixando de ser, evapora, some sem
fazer alarde e cede lugar a um automático frio e desinteressado. O olhar que
antes buscava conexão dura menos de dois segundos, o bom dia que era promessa
de um novo começo se torna mera formalidade vazia, o abraço que antes era
refúgio, agora se transforma em um tapinha nas costas, o toque deixa de ser
desejo e vira hábito.
Não conversam, trocam recados com informações básicas do dia a dia. Cruzam no corredor, falam sobre contas, o que falta na geladeira, a agenda da semana, mas não falam sobre o que sentem, o que os aflige.