Não é preciso haver bombas, tiros, facadas,
derramamento de sangue para matar alguém. Já me mataram várias vezes, mas
ninguém soube, pois não havia sangue, apenas lágrimas.
Cada lágrima ensinou-me uma verdade. Com muita dor, desolamento e sofrimento, observo os últimos acontecimentos no Oriente Médio com litros de lágrimas nos olhos. E a dor não é causada pelas lágrimas. Não são as lágrimas que doem, o que dói, aflige e corrói a alma são os motivos que as fazem cair.
Imaginei que depois da pandemia do Covid19 a
humanidade pudesse refletir e se transformar, praticando o altruísmo,
compaixão, acolhimento e solidariedade. Doce ilusão. Pura ingenuidade. Assassinatos, torturas, estupros, mutilações, sequestros, terrorismo continuam acontecendo diante de nossos olhos, no
entanto, nem todos choram. Ou melhor, choram com outro tipo de lágrima.
Já ouviram falar em lágrimas de crocodilo?
Quando o crocodilo captura sua presa, come sem mastigar, engolindo-a por
inteiro. A passagem pela boca pode pressionar e comprimir as glândulas
lacrimais, fazendo-o lacrimejar. Assim, enquanto ele devora a vitima, caem
lágrimas de seus olhos, parecendo aos olhos de um observador incauto que o
crocodilo apresenta algum tipo de sentimento de tristeza.
Semelhante ao crocodilo, algumas pessoas,
partidos políticos, governos e mídia expressam choro falso, fingido, hipócrita.
A cobiça e a maldade fazem com que as lágrimas percam a autenticidade
produzindo genuínos estelionatos emocionais desprovidos de qualquer intenção de
auxilio, amparo ou socorro.
Discursos vazios, verborreias com
justificativas humanitárias e oportunistas
sem um envolvimento real com o sofrimento das pessoas. Representam um papel,
mas nunca mostram suas verdadeiras faces e intenções.
Existem também os que não choram, são os
silenciosos, desinteressados, indiferentes, que observam de longe como se toda
a tragédia não lhes afetasse. Existe uma parábola que relata: “primeiro vieram
buscar os socialistas, e eu fiquei calado – porque não era socialista. Então
vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado – porque não era
sindicalista. Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado – porque
não era judeu. Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém
para me defender.”
Nesta luta não haverá vencedores, apenas
vitimas. A primeira vítima da guerra sempre é a verdade. Só por isso já deveríamos
estar fazendo luto eterno. Engana-se quem pensa que está tudo bem, tudo normal,
tudo certo. Sangue está sendo derramado, famílias sendo destruídas, incerteza
sobre novos conflitos, enquanto isso o
mundo discute o que é terrorismo. Fanatismo e a sabedoria nunca moram na mesma
casa.
Não há morte que não me machuque. Discursos populistas
me dão nojo. “Muristas” indecisos me causam pesar e pena. Lágrimas de crocodilo
me abrem feridas. Meus gritos internos de revolta e desolação se manifestam em
lágrimas. Não sei por que, mas meu olho esquerdo purga bem mais que o direito.
Onde há lágrimas, há esperança. Nos homens? Por enquanto prefiro ter fé em Deus, que é um só.
Bela reflexão. Meu silêncio se espelha nos sobrenomes que me deram com o intuito de sobrevivência? Muitos de nossos conhecidos que poderiam ter uma atitude de valores mais indubitável, nos dão provas de que minha verdade é apenas minha. Vivencio carolas e pessoas de ideias revoltosas se sustentarem com dubiedades, dando aval as obscuridades, pessoas essas que não se intimidam em acusar o outro por pensar diferentemente a outras linhas de raciocínio... E que o altíssimo proteja a todos...
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