A primeira a sair da casa dos pais foi ela.
Queria um pouco mais de privacidade. Convidou o namorado, que, pego de
surpresa, titubeou. Disse que ficaria com ela nos finais de semana, mas nos
outros dias ainda moraria com o pai. Namoravam há quase cinco anos, ele foi o
primeiro namorado dela e vice versa.
O projeto dele deu certo por alguns meses. Aos
poucos foi ficando mais um dia, outro mais e quando se deu conta, voltava na
casa do pai só pra buscar alguma roupa, livro ou vinho que estava precisando.
Mais cinco anos se passaram até que num belo e iluminado dia decidiram casar.
O que teria motivado o casal a tomar esta decisão,
afinal já moravam juntos, eram felizes e tinham pacto pré nupcial bem
assegurado. Sonho de casar de véu e grinalda? Uma festa para família e amigos? Receber
a benção divina? Oficializar uma situação de fato para conseguir cidadania
italiana? Deixar um caminho preparado para os futuros filhos? Nada, nem ninguém
os pressionava.
O motivo não importa. Resolveram casar e pronto.
Uma bela decisão, casar não é para os fracos e também não diz respeito aos
demais, só aos noivos. Eles devem saber o porquê, e se não souberem, também não
importa. Estão felizes, já é o bastante. No entanto, queria dar minha versão
filosófica sobre a decisão de casar.
Quando decidiram sair da casa dos pais, ela disse
que precisava de privacidade, ele disse que iria morar com a namorada. Ela
pagava o aluguel, ele as despesas da casa. Ela fez concurso público, ele foi contratado
num emprego. Ela disse que queria um
cachorro, ele disse que se ela cuidasse, limpasse e levasse para passear, tudo
bem. Ela, ele, ela, ele, ela, ele. Aos
poucos foram percebendo que a dor dela era dele também, sentiram que o problema
dele repercutia nela, a alegria de um contagiava o outro, as contas não estavam
mais sendo divididas na ponta do lápis, a sujeira que o cachorro fazia era
problema dos dois. Passaram a sentir falta um do outro, mais que isso, tinham
necessidade do companheiro. Descobriram
que ele e ela haviam se transformado em nós. Alguns chamam isto de amor, mas
nem todos reconhecem.
E o casamento acontece justamente quando ocorre a
transformação do “eu sou” em “nós”. Vire a pagina de cabeça para baixo, se não conseguir, vire a cabeça mesmo:
sou
´
´
Não é preciso que a vida vire de cabeça para
baixo para isto acontecer. Também não é preciso abrir mão da individualidade. Acredito
que o momento certo de casar, ou melhor, acredito que o casamento acontece
justamente quando o surgimento do nós se manifesta. Se for com uma semana de
namoro, cinco anos morando juntos, depois de uma viagem, cada casal tem o seu
tempo. A formalidade de assinar um contrato, fazer uma festa ou receber uma
benção é apenas o detalhe.
Casamento são os nós que vão se formando no lugar
dos eus. Isto leva tempo, não é fácil e não é para quaisquer dois. Muitos
casamentos não tem nós algum. Casar não é ser feliz para sempre, isto é conto
de fadas. Casar é estar junto. Casar é crescer juntos. Casar é você + eu =
Nós. Que os nós se atem para sempre.
Eu sou tu. Você é eu. Quando parte de tu possue caracteres em conversações com minha parte. Como ser: "luz, raio, estrela e luar. Manhã de sol. Meu iaiá, meu ioio.." Me diga o que você, o quer e como poderá dar certo?
ResponderExcluirVerdade, cada casal tem seu tempo, cada um tem seu tempo, bom mesmo é quando nós viram nós! Parabéns Dr Ildo! Bjs
ResponderExcluirSeu melhor texto Dr. Ildo. Obrigado por compartilhar
ResponderExcluirNos sempre é melhor que eu. Sempre!
ResponderExcluirSempre melhor nós, o triste é quando acreditamos que somos nós e na real estamos sós. SOS = sós até que cai a ficha de tanta desculpa furada ... Bia
ExcluirQuer saber se está pronto para um relacionamento? Inicie as frases com nós ao invés de eu. Nos precisamos, em vez de eu preciso. Nos queremos, em vez de eu quero. Se conseguir, se a frase fizer sentido, você está pronto.
ResponderExcluirNos concordamos.
ExcluirEu penso, tu pensas, nós acordamos, nós discordamos, mas sempre juntos.
ResponderExcluirEu desejo aos casais que apesar dos comportamentos repetitivos (que magoam), inseguranças, falta de cuidados, que os "nos" nunca se desfazam e se por acaso ficarem frouxos que rapidamente ele puxe, bem forte..e pela cintura para que ela sinta-se amada. Em tempo de ainda serem nós.
ResponderExcluirQue ela nunca precise secar uma lágrima enquanto dirige, e se tocar Queen por acaso, melhor parar o carro...talvez ela pense que conhece a vida, mas não sabe nada de manobras de guerra.
Love Of My Life
Queen
Love Of My Life
Love of my life, you've hurt me
You've broken my heart
And now you leave me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me
Love of my life, don't leave me
You've taken my love
And now desert me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me
You will remember
When this is blown over
And everything's all by the way
When I grow older
I will be there at your side
To remind you how I still love you
I still love you
Hurry back, hurry back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me
Love of my life
Love of my life
Yeah