terça-feira, 29 de julho de 2008

MENOS LEIS E MAIS ÉTICA

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Imagine uma cidade com veículos estacionados nas calçadas, cruzamentos, viadutos obstruídos. O caos. Surge então a necessidade de se criar uma regra, aceita por todos em benefício da comunidade.



Seria ótimo se todos a cumprissem, porém alguns vão desrespeitá-la, justificando suas infrações com argumentos do tipo “os fins justificam os meios”: estacionei porque era uma emergência, porque estava chovendo...


Cria-se então a lei e a polícia, que fiscalizarão e aplicarão penalidades aos infratores.Se alguém se sentir lesado, pode recorrer à justiça e discutir seus direitos.


Para que servem as leis? Para disciplinar o povo e para serem cumpridas. Ineficiência policial, corrupção, mandatos de segurança e outras manobras fizeram com que a lei e a polícia fossem perdendo autoridade e criaram uma entidade maligna, chamada impunidade.


Julho de 2008 - A Policia Federal coloca atrás das grades Daniel Dantas, um dos mais poderosos e influentes banqueiros do país. Junto com ele estão o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o mega investidor Naji Nahas e mais 20 outros acusados de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão fiscal, corrupção ativa e outros crimes do colarinho branco.
De imediato surgem protestos pelo uso de algemas e exposição pública dos presos. Onze horas depois, o Supremo Tribunal Federal concede hábeas corpus liberando dez dos acusados. O delegado envolvido no caso e um juiz federal solicitam prisão preventiva e 24 horas mais tarde, Dantas está preso novamente. No outro dia, o presidente do Supremo Tribunal Federal concede novo hábeas corpus, libertando Dantas. O delegado é afastado do caso e se instaura uma crise no judiciário.


O cidadão honesto observa o vizinho transgredir, levar vantagem e enriquecer ilícita e impunemente. Se por ventura penalizado, seus advogados entram em ação e logo o vizinho estará novamente sorrindo e bebendo champanha.


Qual conduta seguir? Espelhar-se no vizinho ou fazer valer o acordo? Com tantas infrações impunes, o povo desacreditou das instituições e alienou-se.


A solução não está no governo, no judiciário nem na policia. A falha é do indivíduo que ao deixar de pensar no bem comum e só olhar para si, obrigou a criação destas estruturas. E a criatura saiu à imagem do criador, ou seja, viciada. Quanto mais leis e mais policia existirem, menos ético é o povo. A grandeza de um povo não é medida pela maneira como são cumpridas as leis, e sim como são cumpridos os princípios que não estão escritos na lei: os valores, a ética.


Se a lei e a polícia não estão funcionando, é hora de voltar às origens e resgatar a ética. Uma campanha pela ética, onde cada um exerça o seu poder de cidadão. Ao presenciar fraude, corrupção, injustiça, mentira, não se omitir, indignar-se, sentir-se mal, não conseguir dormir e fazer algo para mudar. Chamar a atenção do vizinho, denunciar, e sobretudo, sentir vergonha de conviver com esta situação. Por algum lugar esta campanha tem que começar. Vamos fazer a nossa parte?
Leia mas no site www.ildomeyer.com.br
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