segunda-feira, 5 de novembro de 2007

PARA QUE SERVEM AS EMOÇÕES?

Imagine um mundo sem emoções. Todos os seres humanos funcionando como computadores. A comunicação entre as pessoas realizada apenas pelo conteúdo da linguagem, na sua mais plena literalidade, através de um processo de perguntas e respostas. Nenhuma alteração no tom de voz, na expressão facial, na postura.

Como um casal demonstraria afeto, amor, paixão, excitação, sem a capacidade de sentir e demonstrar emoções? Como as pessoas se relacionariam sem emoções? Tente imaginar um diálogo. Talvez você não seja capaz de imaginar, pela simples razão de estar acostumado, desde o nascimento, a viver em contato com outras pessoas e a vivenciar emoções em maior ou menor grau, ficando difícil, senão quase impossível, vislumbrar um mundo sem emoções.

Desde o processo de amamentação, onde a mãe afasta o filho do mamilo e este grita, chora, esperneia, faz caretas em sinal de protesto, passando pelos ganhos e perdas da infância e adolescência, relações sexuais com parceiros, transações comerciais, etc, vemos que o ser humano vive uma inter-dependência de necessidades com seus semelhantes. Estas conexões acabam por despertar emoções, que nem sempre são agradáveis.

Algumas pessoas possuem, ou acabam por criar mecanismos protetores contra emoções. No intuito de preservarem-se de sentimentos desagradáveis, minimizam as emoções. Passam a vida como navios ao mar, que passam ao largo uns dos outros.

Vale a pena viver sem emoções? Sem emoções, o ser humano seria indiferente aos outros, teria dificuldade em armazenar memórias e provavelmente teríamos um mundo onde as decisões seriam tomadas exclusivamente pela razão.

Religiões e até mesmo alguns filósofos pregam que o homem deva se esforçar para ser mais cerebral, mais racional e menos carnal, tendo controle sobre suas emoções. O fato de alguém possuir um corpo com emoções, muitas vezes é visto como uma fraqueza. De fato, tanto a inexistência como o descontrole emocional, podem ser deletérios, muitas vezes inviabilizando um convívio social.

O paradoxo está justamente no fato de que decisões éticas baseiam-se muito mais em emoções do que na razão propriamente dita. Quando estamos frente a uma situação onde a escolha é entre o certo e o errado, a racionalização é simples. Matar ou não matar? Estudar para a prova ou colar? Decisões facilmente previsíveis, baseadas em códigos morais da sociedade que aprovam ou desaprovam determinadas condutas.

A dificuldade surge quando a escolha precisa ser feita entre duas situações potencialmente corretas. Sacrificar um animal que está sofrendo sem possibilidade de alívio ou não matar? Dar esmolas na esquina ou não? Punir um erro involuntário ou não?

Quem resolve estes dilemas? Leis, religião, filosofia, racionalização, não conseguem contemplar o universo de embates éticos que podem ser colocados frente aos indivíduos.

Quando decisões envolvem relacionamento, dependência, vulnerabilidade, as emoções podem servir como uma bússola interna, ativando lembranças e memórias de situações onde as pessoas foram alimentadas, cuidadas, amadas, abraçadas, desprezadas, ignoradas, abandonadas.

A lembrança de emoções experimentadas ao longo de uma vida, remetendo ao modo como fomos tratados e como nos sentimos, serve como uma bússola orientando decisões sobre como devemos tratar os outros. No momento em que ocorre uma inversão de papéis e um indivíduo consegue se colocar no lugar de outro, as emoções passam a ser responsáveis pelas decisões éticas entre o certo e o potencialmente também certo.

Enquanto os problemas e decisões forem relativos à situações hipotéticas e abstratas, a razão é soberana. No momento em que um ser vivo sensibilizar, afetar, emocionar outro semelhante, as emoções assumem o controle, remetendo-se a situações e valores que suportem a decisão a ser tomada e que remontam a milhões de anos de evolução da humanidade, pois em se falando de emoções, estas permanecem inalteradas em sua essência desde que o mundo é mundo.

Para que servem as emoções? Para nos diferenciar dos computadores, dar mais colorido a vida, ter um espírito mais cooperativo e principalmente, inibir atos que possam prejudicar aos outros.
Leia mais no meu site: www.ildomeyer.com.br

2 comentários:

  1. qual mal de sermos igual computadores ou robos eles são iguais a gente? eu posso até botar emoções num

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  2. Certas emoções travam mais do que você imagina. Existem verdades meu caro que ficam obscurecidas por emotividade e quando o senso racional consegue enxergar, logo vê aquilo como um erro absurdo. Isso é uma humilde opinião minha, declaro como opinião, pois ainda vou estudar em detalhes a mente humana para poder afirmar algo. Pela minha experiência até então, digo a você e a qualquer um que lê este comentário, que é possível enxergar o colorido, o preto e o branco, assim como tomar qualquer decisão racionalmente. Sem emoções seriamos computadores, o mundo (a isso não me resta dúvida) estaria mais a frente de seu tempo, a natureza não estaria sofrendo tanto como está sofrendo hoje a ainda sofrerá (computadores analisam tudo), a palavra guerra certamente não teria o seu sentido, desapareceria, em fim, muitos problemas da sociedade estariam resolvidos.

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