Escrever não
é fácil. Às vezes passo uma tarde inteira tentando lapidar uma única frase,
procurando o ritmo certo, a palavra que falta, o tom que faz tudo ganhar
sentido. E, mesmo assim, muitas vezes o resultado não me convence.
Reescrevo.
Corto. Recomeço do zero. São tardes e noites inteiras entregues às palavras. Escrever
é assim: um exercício de paciência, solidão e entrega, onde o tempo deixa de
ser cronológico e passa a ser interior.
Mas, nessa dedicação quase obsessiva às palavras, fui perdendo o mundo fora delas. Troquei cafés por capítulos, abraços por parágrafos, pessoas por páginas. A vida foi ficando silenciosa, só eu e o ruído seco das teclas.