As águas das chuvas de
maio pareciam um pranto de lamento dos céus enchendo o rio Guaíba. O noticiário
avisava que poderia transbordar e haver inundação. Ninguém imaginava a
proporção que alcançaria. Uma semana ininterrupta de chuva e a previsão se
confirmou. Água invadindo, ocupando e apossando-se da cidade.
A casa de Dirnei ficava
distante dez quarteirões do rio, não havia motivo para se preocupar, pensava
ele. Mas a água avançava furiosamente, engolindo tudo que via pela frente. Em
duas horas a enchente já estava no quarteirão vizinho e o céu continuava
lacrimejando a cidade.
Assustado, Dirnei começou a recolher coisas do chão e colocar em lugares mais elevados, nas prateleiras superiores dos armários e até mesmo por cima destes.