Meus pássaros não cabem mais em suas gaiolas

“Meus pássaros não cabem mais em suas gaiolas”, assim foi a mensagem enviada por João à Maria terminando um relacionamento de cinco anos. Uma metáfora curta sem maiores explicações ou sentimentos. Depois disso, ela foi bloqueada nos aplicativos para evitar qualquer tipo de aproximação.

Uma guerra não começa quando se atira a primeira bomba ou é lançado o primeiro foguete. Antes disso ocorre uma série de hostilidades, atritos, conflitos, agressões, ameaças, sem que nenhuma das partes faça alguma concessão ou movimento no sentido de acalmar os ânimos ou resolver o problema.

Um dia estoura a guerra. O campo de batalha onde  ocorrem explosões, mortes e derramamento de sangue é apenas a ponta do iceberg, uma pequena, ruidosa e sangrenta parte de uma complexa rede de interesses que fica submersa pelo barulho estrondoso das bombas e da mídia.

Relacionamentos afetivos também podem, em determinado momento, se desviar para o caminho de mal entendidos, confrontos, discussões, mentiras, desconfianças, ofensas, agressões, disputas de poder e tantos outros ataques pré meditados ou não.

O contra ponto entre o enfrentamento de nações e o de casais é que no conflito entre nações o combate de guerra  ocorre entre soldados, nas trincheiras, longe de casa, enquanto a batalha do casal ocorre na intimidade do lar, por baixo dos lençóis, na cobrança diária, agressiva ou velada, muitas vezes um esperando que o outro tome a iniciativa de lançar a primeira bomba.

 

Só que a ponta do iceberg do casal não é mais a guerra, é a separação, ambos já não agüentam mais conviver em guerra, a fuga é a vitória. Já tentaram terapia, viagens, concessões, mas sem que desconfiassem, alguma granada atirada sem muito pensar, cegou seus olhos, tirou-lhes o brilho e matou o amor.

Por vezes é preferível perder a guerra e ganhar a paz e o amor.