quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fruir ou Fluir? Você decide.

Você sabe a diferença entre as palavras fluir e fruir? Fluir tem significado de escorrer, escoar, correr em estado liquido. Fruir é totalmente diferente, significa ter prazer, desfrutar, gozar, usufruir.

O champagne escorrendo pela garrafa está fluindo, o casal bebendo está fruindo.  Maratonistas, concertistas, bailarinos, amantes, poetas, cirurgiões, quando mergulhados em suas atividades, geralmente estão fruindo, ou seja, desligam-se dos problemas mundanos e são capazes de esquecer até mesmo de comer ou dormir, tamanho o prazer que desenvolvem. O processo de fruição não acontece somente com pessoas dotadas de talentos especiais. Enquanto consertamos o rádio quebrado, atendemos um cliente, lemos um livro, voltados verdadeiramente para a tarefa, estamos fruindo.

Se fruir é tão prazeroso, por que não continuamos neste estado indefinidamente? O que existe de melhor para fazer? Ficar fruindo por muito tempo faz mal? Pelo contrário, fruir desenvolve um estado de bem estar, euforia, regozijo, criatividade que leva as pessoas a esquecerem do tempo e das agruras da vida.

O que faz com que as pessoas deixem de fruir é o convencimento. O menino é obrigado a interromper a brincadeira porque precisa jantar ou fazer o tema de casa ou emprestar a bicicleta para o irmão menor, e só depois vai poder voltar a fruir de novo. O escritor não pode continuar escrevendo seu livro, porque precisa trabalhar como jornalista para sobreviver. A mãe suspendeu as aulas de piano porque os filhos pequenos exigiam atenção.  Alguma justificativa há de surgir para interromper a fruição. 

Casais, amizades, equipes, famílias, empregos também podem em algum momento, transitoriamente, deixar de fruir sem maiores prejuízos. Mais adiante retomam a jornada, muitas vezes fortalecidos. Em outros casos a interrupção é tão danosa que a fruição jamais retorna. Esta perda é tão grande, que alguns tentam compensá-la com exageros de quantidade. Comida, bebida, compras, exercícios, sexo...

Quanto você quer para deixar de fruir? A Sociedade pode lhe fornecer esta compensação, é só você deixar de fazer aquilo que gosta.  Cada dia você terá algo novo para ser consumido e cada vez será necessária uma quantidade maior para que você se satisfaça, chegando ao ponto de deixá-lo fatigado com tanto esforço e desgostoso com tudo que receberá em troca. É o que se chama de vazio por excesso.

Não existe garantia de felicidade, mas a maneira de tentar manter ou retomar a fruição passa por abandonar as compensações que nos impedem de chegar naquilo que realmente somos. Quando se está bem consigo mesmo, quase nada é preciso. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde a maioria das pessoas deixa de fruir suas vidas e passa a fluir de acordo com a correnteza. Você sabe mesmo a diferença entre fruir e fluir?




8 comentários:

  1. Ok, mas acredito em equilibrio, vida sem agruras é vida sem aprendizagem. Não será?

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  2. Não sei se por identitário, é um dos teus melhores textos. Reflete tua maturidade emocional sobre a acepção de felicidade. Parabéns. Maria Janice

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  3. Ildo
    Além de aprender uma palavra nova, seu artigo me inspirou a pegar meu barco e fluir fruindo. Grande abraço

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  4. Cada vez melhor. Continue assim.

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  5. Vida estranha essa que nos faz deixar de lado aquilo que nos dá o verdadeiro prazer e felicidade... deixar fruir implica em auto-conhecimento, em reserva de espaço e uma certa dose de egoísmo! Obrigada por nos fazer lembrar da importância disso! Eda

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  6. Companheiro de jornada, que bom ler seus importantes artigos, ademais fez fruir e até deixar seu nome em aula na Universidade Hebraica em Jerusalém. O Prof. Scolnicov que o diga.
    As confabulações de bastidores fez fruir aulas,a geologia e geografia de Israel de forma muito mais agradável. Um forte abraço. Francisco Baggio.

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  7. Parabéns Dr.Ildo! Adoro teus textos.. fico no aguardo de um livro dos melhores! Grande beijo

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  8. Belo texto! Acredito que fruir e fluir um possa ser o complemento do outro, desfrutar enquanto transcorre a circunstância. Acredito que o dilema seja olhar para trás e percebermos que o tempo passou e que perdemos a oportunidade de vivencia-los, com significado profundo.

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