sexta-feira, 6 de março de 2009

SOMOS LIVRES E CONSCIENTES PARA TECER CRÍTICAS E ELOGIOS?




Pensamentos, idéias e insights entram e saem de nossas mentes quase o tempo todo. Bons ou maus, interessantes ou geniais, amadurecem, tomam forma e são transmitidos por meio de palavras. Também desaparecem, ou melhor: são armazenados em nossa memória consciente ou não. Uma vez verbalizado, o pensamento é concretizado, embora muitas vezes o simples pensar já tenha acessado o outro, via canais sutis de comunicação. Freud chamava este fenômeno de telepatia.

Nem só de palavras é feita a rede de comunicação. Gestos, olhares, tom de voz e toda a globalidade e possibilidade de expressão corporal são tão reveladores e poderosos quanto a verbalização.

O receptor tem a tarefa de analisar, interpretar e compreender o que sentiu e ouviu, porém sentimentos e emoções podem interferir no pensamento tanto de quem comunica como de quem recebe a informação. Daí a razão de tantos mal entendidos. Nem sempre a mensagem entendida corresponde ao que foi transmitido.

A exposição pública através de contatos sociais, palestras, livros e artigos publicados, permitem que ouvintes, leitores e espectadores entrem em contato com novos conceitos, formas de pensar, entendimentos e vivências pessoais e, de acordo com suas realidades, possibilidades e visões de mundo, elaborem teses e comentários, fornecendo eventualmente um retorno através de criticas e elogios.

No dia a dia é muito prazeroso receber comentários, pois dão a exata medida do quanto conseguimos atingir nossos objetivos. O fato de concordar ou discordar das idéias expressas não é tão importante. Tocar nas pessoas e faze-las pensar é o propósito.

Comentários, críticas e elogios são o “inevitável esperado!” Este é o tema central desta reflexão.

Em sua vida, você costuma fazer mais criticas ou elogios? Elogia rotineiramente o porteiro do prédio, o motorista do táxi e o ascensorista por estarem realizando seu trabalho corretamente ou acredita que isto é o mínimo exigido para estas tarefas? Fica mais atento à falhas ou consegue perceber quando existem atenção, dedicação, esforço e cortesia?

Acreditamos que criticas sejam mais numerosas do que elogios, pois a ação de elogiar verdadeiramente não é tão simples, requer estarmos seguros e certos de quem somos e do lugar que ocupamos no espaço. O elogio verdadeiro é raro, não porque não existam indivíduos merecedores, mas talvez porque é difícil para a alma humana reconhecer as qualidades, esforços e integridade de seu semelhante.

A maioria das pessoas fica sem graça ao ouvir um elogio e muitas tendem a supor que o mesmo traz consigo alguma intenção oculta. Quanto mais deficiente a auto-estima, maior à resistência ao elogio e a fantasia de uma segunda intenção. Um elogio é quase como um presente: se a pessoa não se achar merecedora não saberá o que fazer com ele... Assim como presentes, elogios em excesso podem atrapalhar...

Freud, dizia: “podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio”. Elogios são ótimos para o ego, mas nem sempre fazem crescer. Além disso, os fatos e atitudes é que elogiam; adjetivos são fugazes. Uma crítica bem elaborada constrói mais do que dez elogios mal conduzidos. “O mal de todos nós é que preferimos ser arruinados por um elogio a sermos salvos por uma crítica. - Norman Vincent

Críticas podem ser doloridas, mas induzem a pensar. Existem as chamadas críticas destrutivas, que aniquilam, reprimem e deixam o alvo sem opção, e existem também as construtivas, que permitem argumentação, aprendizado e evolução. A diferenciação entre ambas e o modo de enfrentá-las é que podem tornar o processo produtivo ou não. Encarar a critica como uma reação, colocando-se no lugar de quem criticou , pode ser um bom antídoto antes de atitudes mais agressivas ou posturas ressentidas. Diferenciar forma de conteúdo é fundamental. Às vezes a crítica esta sendo feita por inveja ou raiva e chega de forma desrespeitosa, embora o conteúdo possa ser válido e se bem interpretado, possa até impulsionar o crescimento pessoal.

Bom seria que para nos poupar de toda esta análise e decodificação das mensagens, os indivíduos tivessem o distanciamento, maturidade, neutralidade e consciência necessária. Tanto da parte de quem faz a crítica como também de quem a recebe. Somos todos merecedores de críticas e elogios, como também somos todos livres para escolher em que situação criticar e qual o momento mais adequado para elogiar.

Artigo escrito em parceria com Luciana Fioravanti da Silva, fisioterapeuta, morfoanalista.
Leia mais no site www.ildomeyer.com.br
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2 comentários:

  1. Fui tocado, impelido a pensar no meu comportamento; um ser humano crítico por não conhecer seu lugar, sua capacidade; a insegurança me faz atacar, criticando... este tema foi incrível para mim...

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  2. Amei este artigo. Enviei para amigos e colegas de trabalho.

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