segunda-feira, 30 de julho de 2012

O melhor beijo do mundo

A conversa corria solta no botequim quando uma amiga contou de um tio muito experiente em baladas noturnas e especialista em beijos. Havia lhe ensinado o melhor beijo do mundo e agora, também ela desfrutava deste segredo. Beijava com tamanha desenvoltura, que o prazer transmitido  retornava imediatamente em seu favor, criando um clima de satisfação mútua inesquecível.
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“Como beijar” não é o tipo de conversa que homens costumam ter enquanto bebem, e, por conta disto, o assunto não progrediu. Achamos que ela estava se exibindo ou até mesmo, oferecendo seus préstimos. O fato de uma conversa não ir adiante não significa que o recado não tenha sido dado, pelo contrário, a curiosidade permaneceu agendada em meu cérebro.  



Como seria o tal beijo? Demorado, olhos fechados, molhado, mordido, línguas em labirinto, ininterrupto? Estilo Hollywood? Roubado, decidido, precedido de uma conversa, um carinho, um olhar? As opções eram tantas que me confundiram e desestimularam. Além disto, nunca havia recebido uma reclamação, estava satisfeito com meu modo de beijar e achei que classificar um beijo como o melhor do mundo era algo muito pessoal e não merecia maiores pesquisas. Registrei  e me diverti com as possibilidades imaginadas.
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O destino quis que o assunto progredisse e criou a oportunidade. Sábado à noite, final de festa, lei seca, ofereci carona para minha amiga e seu parceiro . Sentaram no banco de trás e partimos. Comecei a escutar barulhos estranhos, estalos, gemidos, sucções e percebi que o tal beijo estava sendo colocado em prática. Pisquei para minha namorada com certa cumplicidade e decidimos ficar quietos para não atrapalhar a performance. Tentei olhar pelo espelho retrovisor, mas era noite escura e não pude visualizar quase nada.
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Enquanto dirigia, meus pensamentos iam e vinham, mas uma certeza eu pude ter: aquele beijo deveria ser muito bom mesmo, pois os ruídos eram fantásticos. Quando chegamos em casa, até tentei praticar com minha namorada, mas o som de nosso beijo  era discreto demais.
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Não resisti a curiosidade e no dia seguinte pedi a amiga que me ensinasse a técnica utilizada no beijo da noite anterior. Detalhe importante: solicitei uma explanação teórica, nada mais. A explicação foi rápida, não durou mais de trinta segundos, e foi mais que suficiente.  Sai dali convicto de realmente  ter aprendido o melhor beijo do mundo.
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Querem saber? Estou em dúvida se conto agora ou deixo meus leitores meditando até o próximo artigo, afinal de contas, grandes idéias podem surgir neste intervalo. Uma coisa eu garanto, funciona. Façamos assim, já que esperaram até agora, mais alguns dias não vão fazer diferença.  Beijar é uma maneira de compartilhar intimidades, de sentir o sabor do outro, de interromper a fala quando as palavras tornam-se supérfluas, de dizer mil coisas em silêncio. Pratiquem, criem situações novas, conversem com os companheiros, mandem sugestões. Vou ficar esperando. Logo, logo, ensino a técnica.

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