Começamos
tão bem. Encontramo-nos no réveillon e não nos separamos mais. Dormíamos e
acordávamos juntos todos os dias. Estávamos
cheios de expectativas, promessas e planos para o futuro. Apostamos alto e nos
dedicamos pra valer. Você me enchia de esperança e eu retribuía com gratidão. Sua
capacidade de surpreender, ao mesmo tempo em que me assustava, encantava. Você
não prometeu felicidade, nem amor, mas garantiu que ia ser muito bom. Lembro
que naquela noite brindei dizendo que amor perfeito era nome de flor, e que amores
bonitos e perfeitos eram aqueles que nunca foram usados. Esperava tão somente uma
relação que não decepcionasse minha alma.
Por
mais que tenha me esforçado, por mais que tenha calculado acertos, riscos e
equívocos, não foi o bastante. Não vamos seguir juntos. O destino prega peças
e, quase sempre, sem avisar. Desta vez ele avisou, nós é que o ignoramos. Diz o
folclore iídiche que o homem planeja e Deus, lá em cima, ri.
A
gente fez de conta que não escutava, acreditamos que desta vez seria diferente,
acabamos fazendo do nosso jeito e deu no que deu. Perdemos a batalha. Não tem problema, perdoei
meus erros e os seus também. A cada ano que se inicia corremos em direção ao
primeiro sinal de algo que nos rejuvenesça, distancie da morte, empreste
significado ao ato natural de estar vivo ou produza alguma centelha de amor. Você
era tão jovem, me joguei de corpo e alma.