domingo, 5 de março de 2017

O preço de ser rei

Nasci com nove anos de idade. Alfabetizado, todos os dentes na boca, nunca usei fraldas ou chupei bico. Não lembro de nada antes dos nove. Não sei com quantos meses comecei a andar, a primeira palavra que falei, meu brinquedo predileto, o gosto da mamadeira, o nome das professoras da escola. Nunca tive o tradicional álbum do bebê, sequer me interessei em perguntar. Tudo que alcanço desta época me foi relatado, lembrança zero. Dizem que era tratado com todas as mordomias, como um reizinho, apelido que carrego até hoje. Mas por que esqueci ou apaguei da memória um período tão glorioso de minha vida? Tenho algumas hipóteses.