segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Premiação do "Oscar" - Cinema ou Vida?

Qualidade de Vida” é uma expressão que está na boca do povo. Mídia, vizinhos, amigos e até nós mesmos nos preocupamos em entender e até melhorar esta tão falada e quem sabe, fundamental, qualidade de vida. Mas o que vem a ser esta coisa chamada "qualidade de vida"? Para alguns ou quem sabe para a grande maioria, é ter saúde para poder se aproveitar bem a vida. Baseados neste conceito, poderíamos então pressupor que crianças saudáveis devam ter uma ótima qualidade de vida. Com o mesmo raciocínio, concluiríamos também que diabéticos, hipertensos, enfartados não poderiam ter uma boa qualidade de vida. Não é bem assim, qualidade de vida tem a ver com saúde, mas precisamos definir melhor esta palavra.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o estado de total bem estar físico, mental e social é o que caracteriza saúde, e não a ausência de doença ou enfermidade. Assim, crianças que aparentemente não apresentem sintomas de doenças, podem estar abaladas mental e socialmente e não desfrutarem de uma boa qualidade de vida. No sentido oposto, doentes crônicos podem sentir-se plenamente saudáveis tanto física como mental e socialmente, e aproveitarem a vida com bastante qualidade. Além disto, o não surgimento de sintomas e o aparente bem estar físico não garante saúde nem muito menos qualidade de vida.

Doenças como úlcera, gastrite, câncer, hipertensão, podem ser originadas por transtornos psicológicos mal resolvidos, estresse crônico, baixa auto-estima, e ficarem incubadas por vários anos antes de manifestarem seus sintomas. Dietas mal controladas, vida sedentária, fumo, álcool em excesso, também podem causar e manter incubadas várias doenças.

Assim sendo, ver alguém na beira da praia jogando futebol, dançando numa festa, passeando num parque, esquiando na neve, necessariamente não é um indicativo fiel de boa qualidade de vida. Bombas relógios podem estar implantadas e incubadas no sistema de saúde aguardando somente um déficit imunológico para que se manifestem.

Um atleta com corpo escultural, que freqüente duas horas diárias de academia, alimente-se somente de vegetais, frutas, proteínas e vitaminas, tenha uma vida regrada, sem vícios, durma oito horas por dia, não coma açucares nem frituras, mas que encare tudo isto como trabalho, sacrifício e prevenção de doenças, invejando de certa forma o prazer dos comilões, festeiros, poetas e amantes, provavelmente não está com sua qualidade de vida bem resolvida.

Ter uma boa qualidade de vida em determinada época, também não é garantia de qualidade eterna. Pode-se ver e registrar uma determinada cena, como um flash de uma máquina fotográfica e pressupor que aquilo represente qualidade de vida. E pode até ser verdade, mas para aquele momento. Existe muita coisa que uma simples foto não consegue captar. A vida não é uma fotografia, mas um filme de longa metragem, e as cenas vão se sucedendo e se encaixando. O que acontece no inicio do filme, pode se refletir no final. Não adianta simplesmente ter momentos de ótima qualidade de vida, é preciso construir uma vida com qualidade. Cuidados com a saúde são importantes para que se chegue bem até o final do filme, mas isto não é tudo. Qualidade de vida não se resume somente a saúde.

De que adianta ter saúde e não saber o que fazer com ela? De que adianta ter dinheiro para fazer um filme e não ter um roteiro? Fotos avulsas de finais de semana, festas e viagens maravilhosas não fazem um filme e nem constroem roteiros de uma vida que valha a pena. Dinheiro, sucesso, viagens, fama, saúde, são cenários para o filme que se deseja realizar.
Responsabilidade, compartilhamento, amor, amizade, honestidade, justiça, podem ser roteiros interessantes para se construir uma vida com qualidade. Ética pode ser o nome do filme. A premiação? Tão difícil de alcançar quanto ganhar um “Oscar” no cinema: Qualidade de Vida. Alcançada somente por privilegiados. A maioria acaba queimando o filme.
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